Folha de S. Paulo


Solidariedade espera informações da PF para discutir afastamento de Gustavo Perrella

A apreensão de um helicóptero da emepresa registrada em nome do deputado estadual Gustavo Perrella (MG) gerou mal-estar dentro do Solidariedade.

O líder do Solidariedade na Câmara dos Deputados, Fernando Francischini (PR), enviou à Executiva do partido um pedido de afastamento do deputado estadual enquanto durarem às investigações da Polícia Federal.

O presidente da legenda, deputado Paulo Perreira (SP), no entanto, decidiu segurar os ataques e, por meio de nota, informou que vai aguardar a Polícia Federal se manifestar para discutir a situação política do deputado estadual.

"Tendo em vista que o parlamentar mineiro figura unicamente como proprietário da aeronave e testemunha do episódio, não sendo sequer investigado, o partido aguardará a conclusão da investigação sob pena de promover julgamento sumário", afirmou Paulo Pereira.

Para Francischini (PR), porém, o melhor caminho para o correligionário seria se afastar para evitar desgastes ao partido. "Ele tem todo o direito de se defender, mas sem sangrar o partido", disse. O líder chegou a informar que o caso seria discutido na próxima terça-feira, mas o encontro não foi confirmado.

O helicóptero da Limeira Agropecuária, empresa registrada em nome de Gustavo Perrella e de parentes, foi apreendido pela Polícia Federal no Espírito Santo no último domingo após transportar 445 kg da droga.

O piloto da aeronave e da família Perrella, Rogério Antunes, foi preso em flagrante, mas disse que não sabia que a carga era composta por cocaína. Segundo a Polícia Federal, até agora não há prova de envolvimento da família Perrella ou de sua empresa com o tráfico.

O piloto também tinha cargo na Assembleia, por indicação do deputado Gustavo, e recebia R$ 1.700 mensais. Foi exonerado após o episódio, e a Casa vai apurar se ele era um servidor fantasma.

O deputado prestou depoimento ontem à PF, em Belo Horizonte. Segundo seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, ele reafirmou que desconhecia que a aeronave era usada no transporte de drogas.

Pela cotação média do varejo nos grandes centros brasileiros, a carga de cocaína apreendida no helicóptero dos Perrella renderia cerca de R$ 22 milhões no mercado de entorpecentes, segundo especialistas e policiais consultados pela Folha.

O deputado estadual gastou ao menos R$ 11,2 mil neste ano com combustível para aeronaves. O registro mais recente é de 1º de outubro.

O senador Zezé Perrella (PDT-MG), pai do deputado e ex-presidente do Cruzeiro, também usou R$ 11,1 mil neste ano para abastecer a aeronave da empresa da família, conforme prestação de contas publicada pelo Senado.

OUTRO LADO

O advogado que representa a família Perrella disse que não havia irregularidade no uso da verba indenizatória para a compra de combustível para a aeronave.
Ele afirmou também que "em 90% das vezes o helicóptero era usado para atividade profissional".

A família Perrella nega envolvimento com o tráfico.

O piloto, o copiloto e dois homens que descarregavam a droga estão presos. Piloto e copiloto negaram envolvimento da família Perrella nos primeiros depoimentos à Polícia Federal. Também disseram que desconheciam que a carga fosse de cocaína.


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