Folha de S. Paulo


Cade adia para 2014 processo contra empresas de cartel

O processo contra as empresas que a Siemens acusa de participar de cartel no mercado de trens vai ficar para o ano que vem, quando ocorrem as eleições para governador e presidente, o que deve aumentar ainda mais a exploração política da investigação por PT e PSDB.

O adiamento do processo para 2014 será necessário porque o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão do governo federal que atua na defesa da concorrência, não conseguiu finalizar a análise do material apreendido em 13 empresas no último dia 4 de julho.

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O material encontrado foi digitalizado e ocupa arquivos de 30 Tbytes (abreviação de terabytes, unidade de medida de memória que equivale a 1 trilhão de bytes).

É um arquivo tão grande que, com os mesmos 30 Tbytes, seria possível armazenar 20 mil filmes em alta definição ou 12 milhões de exemplares de "Guerra e Paz", do escritor russo Liev Tolstói (1828-1910), com suas 1.400 páginas. É um dos maiores volumes já apreendidos na história do Cade, órgão criado há 51 anos.

DELAÇÃO

A busca teve origem no acordo de leniência que a Siemens assinou com o Cade em maio deste ano, conforme revelou a Folha. Em troca de uma punição menor, a multinacional alemã acusa empresas de conluio nas licitações do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) em São Paulo e no metrô do Distrito Federal. O objetivo das empresas com a divisão era elevar seus ganhos.

A busca foi feita em gigantes que atuam no mercado global de trens, como a Alstom, Bombardier e Mitsui. O Cade não revela o número de funcionários envolvidos na análise dos papéis, mas a Folha apurou que são menos de dez funcionários. A justificativa para o pequeno número de analistas é que questões concorrenciais exigem sigilo e que esse tipo de trabalho é feito por grupos pequenos em órgãos desse gênero no mundo todo.

O prazo original para a abertura do processo encerrou-se na última sexta-feira. O órgão pediu uma prorrogação de mais 60 dias. Após a análise, o Cade deverá abrir processo contra as empresas e permitir que elas apresentem suas defesas.

O processo pode resultar em multas bilionárias se ficar comprovado que as empresas dividiam o mercado. Polícia Federal e os Ministérios Públicos estadual e federal também investigam o cartel, bem como a suspeita de pagamento de propina.

CASO SIEMENS

O consultor Arthur Teixeira disse em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" que nunca pagou propina a políticos do PSDB nem de outros partidos. Ele disse ainda que o ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, a quem se atribui as denúncias, é "uma pessoa vingativa".


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