Folha de S. Paulo


Tempo de engavetar denúncias passou, diz Padilha

Potencial candidato do PT ao governo de São Paulo, o ministro da saúde Alexandre Padilha, defendeu nesta quinta-feira (28), seu colega de esplanada, José Eduardo Cardozo (Justiça), alvo de críticas do PSDB por sua atuação na investigação do cartel das licitações do setor metro ferroviário no Estado.

Cardozo declarou ter repassado à Polícia Federal documentos que mencionam pagamento de propina à autoridades tucanos e foi acusado pelo PSDB de fazer uso político para amenizar o efeito das prisões de petistas pelo mensalão.

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Em entrevista antes de uma palestra para empresários em São Paulo, promovida pelo Experience Club, Padilha disse que não comentaria "movimentos de adversários da presidenta Dilma", mas defendeu a apuração das denúncias e irregularidades nas concorrências de transporte.

Alan Marques - 24.ago.2013/Folhapress
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha

"Temos que dar tranquilidade, toda força e apoio, às instituições que têm a responsabilidade de fazer essas apurações, inclusive o próprio ministro da Justiça, que, ao receber uma denúncia, tomou a atitude que se espera de um ministro da Justiça: acionar as instituições que apuram irregularidades", disse. "Foi exatamente o que ele fez e é isso que se espera", acrescentou.

Em tom semelhante ao das declarações de Cardozo sobre o episódio, ele afirmou que as autoridades não podem ser "engavetadores de denúncias". "Talvez as pessoas tenham visto situações em que ministro, em vez de fazer apuração, escondia, engavetava. Este tempo passou", afirmou.

"O Brasil tem aprendido nos últimos anos que, quando malfeitos de todas as forças políticas acontecem, a melhor coisa para a população é que a apuração vá até o fim", defendeu Padilha.

Padilha foi ao evento acompanhado pelo ex-prefeito de Osasco, Emidio de Souza, presidente eleito do PT-SP em futuro coordenador de sua campanha ao governo.

Questionado sobre quando deixará o cargo para se dedicar exclusivamente à candidatura, ele afirmou aos jornalistas que a presidente Dilma Rousseff fará mudanças no ministério ao longo do mês de janeiro de 2014 e que ele ainda precisa consolidar o programa Mais Médicos.

Antes de viajar a São Paulo, Padilha esteve na manhã desta quinta em Santarém (PA), onde coordenou, no final dos anos 90, um núcleo de medicina tropical da USP. Ele relacionou a experiência ao programa que deve ser sua bandeira eleitoral em 2014.

"O Mais Médicos começou ali", disse ele à plateia de empresários. "Vi e vivi como é impactante a falta de médicos".

Padilha falou por mais de 50 minutos sobre a importância de parcerias com o setor privado e de políticas de incentivo à tecnologia e estímulo à produção.

Dois dos empresários presentes perguntaram a Padilha quais eram as suas propostas para o governo de São Paulo. A José Mário Ribeiro, da Check Express, ele disse: "Nós vamos discutir 2014 em 2014". "Vamos ter outro jantar como esse, mas pelas entrelinhas do que eu falo, já dá para saber como eu gosto desse Estado e como penso", explicou.

Ricardo Roldão, da Atacadista Roldão, disse que o setor de alimentos foi beneficiado por desonerações do governo federal mas que o Estado de São Paulo "foi o que mais onerou a cadeia de alimentos".

"Sempre defenderei políticas tributárias específicas que reduzam custos e estimulem investimentos e contratação de mão de obra", prometeu. "O Estado de São Paulo, como maior economia do país, tem que estar associado a isso", acrescentou.

Ele afirmou que, como ministro, trabalhou por políticas de desoneração de toda a cadeia de medicamentos e defendeu essas medidas "para todos os setores da dinâmica da economia do país".


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