Folha de S. Paulo


Moradores acham que obras de transposição do São Francisco vão ser aceleradas em 2014

Descrentes com o ritmo das obras após várias paralisações, vizinhos dos canais da transposição do São Francisco apostam no ano eleitoral de 2014 para que o serviço ganhe ritmo e acabe em 2015. Enquanto isso, sofrem com a seca, que já dura três anos.

"Tenho na mente que isso é uma política: quando está perto de querer se eleger, joga duro. Agora está perto de Dilma se eleger, [então] já joga duro que é para tapear o pessoal", disse o agricultor Manoel Domingos Filho, 56.

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Ele mora com a mulher, Lindomar, 64, numa casinha perto da barragem de Areias, em Floresta (PE). "Se daqui para outubro não botarem água neste canal, aí [a obra] fica parada até o próximo presidente", disse a agricultora.

Eles moravam de um lado da obra e tiveram de se mudar para o outro, para ceder espaço à barragem. Para visitar os familiares, caminham cerca de dois quilômetros até uma pequena ponte de madeira feita sobre o canal.

"É uma esperança [que a obra fique pronta]. Enquanto a gente tem vida, vai esperando", disse o agricultor. Por ora, a água de beber chega de carro-pipa. Manoel diz que, quando o caminhão do governo estadual não passa, dá R$ 100 para o "guaraná" dos homens do Exército, que, em troca, abastecem sua casa.

Ele diz que está gastando economias para que um carro com o símbolo da operação do governo estadual perfure um poço em seu terreno. Segundo o Ministério da Integração Nacional, o Exército, após tomar conhecimento da denúncia do "guaraná", ordenou a abertura de procedimento administrativo para verificar se realmente houve cobrança de propina.

Sobre a perfuração dos poços, Exército e governo de PE negam que os serviços sejam pagos, mas dizem que, como não há exclusividade, é possível que os contratados pela Força e pelo Estado executem serviços particulares nas horas vagas.

Editoria de Arte/Folhapress

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