Folha de S. Paulo


Análise: Com execução de penas, Barbosa volta ao centro do palco político

Independentemente do mérito, do ponto de vista político Joaquim Barbosa voltou ao centro do palco em Brasília com a prisão de 11 condenados no mensalão. Como disse um interlocutor da presidente Dilma Rousseff, "esta é a semana do Joaquim".

Políticos de todas as tendências vislumbraram simbolismo de Barbosa ao acelerar o processo de prisão, dispensando a prometida apresentação ao plenário das decisões da sessão de quarta passada no Supremo e culminando com as detenções em pleno Dia da República.

Presidente do Supremo deve determinar mais prisões de condenados do mensalão hoje

Mesmo a transferência dos presos para Brasília, quando invariavelmente deverão ser devolvidos a seus Estados de origem, é vista como boa para a imagem do ministro.

Um advogado estrelado comparou a exposição dos condenados aos desfiles de reis e generais conquistados por exércitos da Roma imperial pelas ruas da capital. E Barbosa, ao soberano conquistador. Exagero metafórico advocatício à parte, o fato é que a mídia passou o fim de semana exibindo o passo a passo da prisão dos réus.

Fora do roteiro para Barbosa, se houvesse um, foi a escapada de Pizzolato à Itália. Reservadamente, a Polícia Federal joga para o Supremo a responsabilidade por nunca ter pedido um monitoramento constante dos réus do mensalão.

Seja como for, toda essa exposição requentou a especulação sobre uma eventual candidatura de Barbosa a presidente no ano que vem.

O ministro é algo evasivo sobre o assunto: ora nega peremptoriamente a possibilidade, ora a admite como um projeto futuro.

Hoje, Dilma não acredita que Barbosa será candidato em 2014. Para a presidente, Barbosa trabalha mais com a ideia de uma "construção de biografia", envergando o manto da implacabilidade.

No PT, no PSDB e também em alguns gabinetes do Supremo, contudo, há opiniões discordantes. Do "não sei não" ao "é claro que ele será candidato", as avaliações variam em intensidade, mas não em suspeita sobre os propósitos do presidente do STF.

Como Barbosa pode filiar-se a um partido até abril, prerrogativa por ser magistrado, é possível que o suspense seja mantido. Seu nome continuará a ser sondado em pesquisas eleitorais, que vêm lhe conferindo sempre algo em torno de vistosos 10%.

Ou seja, as opções seguem abertas caso Barbosa tenha, afinal, pretensões eleitorais.


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