Folha de S. Paulo


Dirceu critica transporte de condenados

Enquanto esperava para ser fichado no terceiro andar da sede da Polícia Federal em São Paulo, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse que "não via sentido" no transporte dos presos a Brasília antes de iniciarem o cumprimento de suas penas pelo envolvimento no mensalão.

Segundo o petista, o deslocamento de ida e volta dos condenados que devem ser presos em seus Estados vai gerar um "gasto de dinheiro público sem o menor sentido".

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Por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal), os presos serão deslocados à capital federal neste fim de semana em aeronaves da PF para que o juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal defina o local onde cada um irá cumprir pena.

PRIMEIRAS HORAS

Dirceu chegou por volta das 20h20 à sede da PF, na zona oeste da capital paulista. Ainda na garagem, foi avisado por um policial que poderia entrar pelos fundos do prédio, o caminho mais rápido para a sala onde seria fichado.

"Sou um preso político, não sou bandido. Entrarei pela frente e de cabeça erguida", respondeu o ex-ministro, que acenou para a militância que fazia plantão na porta do prédio.

Antes de atravessar o corredor com diversas divisórias - com uma cama cada para os presos em trânsito - Dirceu cruzou com o ex-presidente do PT José Genoino, que já havia sido fichado uma hora antes.

"Tenhamos força", disse Dirceu ao abraçar o colega de partido.

Acompanhado do advogado José Luis de Oliveira Lima e de alguns amigos, o ex-ministro recebeu o telefonema de parlamentares do PT e de representantes dos governos da Nicarágua e Venezuela, que prestaram solidariedade.

"É muito bom contar com os companheiros", declarou após saber também do desagravo em favor dos condenados durante o congresso do PC do B, na noite de sexta, com a presença da presidente Dilma Rousseff. A petista, no entanto, não fez nenhuma menção às prisões durante o seu discurso.

Ainda nos corredores da sede da PF, Dirceu afirmou que vai manter seu blog em funcionamento. Para ele, "a luta política continua" porque "a disputa para 2014 hoje já começou".


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