Folha de S. Paulo


Finalmente STF entendeu que era hora de cumprir a pena, diz Campos sobre mensalão

Provável adversário do PT nas eleições presidenciais do ano que vem, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de decretar a prisão dos envolvidos no mensalão.

"Finalmente o próprio STF entendeu que era a hora de fazer cumprir a pena", afirmou o governador nesta quinta-feira (14).

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Para Campos, a decisão era "fato já mais do que esperado", e os réus apenas tentaram adiar a decisão com recursos.

"A sociedade já conhecia a decisão do Supremo e já entendia que, na verdade, havia um processo de procrastinação utilizando as brechas do Código Penal para que a decisão fosse efetivada", afirmou.

Em 2005, quando era deputado, Campos prestou depoimento ao Conselho de Ética da Câmara na condição de testemunha do ex-ministro José Dirceu, na tentativa de inocentá-lo de envolvimento no escândalo do mensalão.

Com os também deputados à época Aldo Rebelo (PC do B) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), Campos foi o primeiro ouvido no processo que pedia a cassação do mandato de Dirceu por quebra de decoro parlamentar.

Os três disseram não haver elementos para associar Dirceu ao mensalão e afirmaram não acreditar no repasse de recursos para deputados em troca de apoio para votar projetos.

No depoimento, Campos negou "ter amizade particular" com José Dirceu e ter convivido com ele em partidos. No entanto, enfatizou que "jamais presenciou ato do ministro que o desabonasse e este Conselho está desafiado a provar justamente o contrário".

RECURSOS DE CAMPANHA

Nesta quinta-feira (14), Campos também comentou as declaração do advogado Fábio Corrêa, filho do ex-deputado cassado Pedro Corrêa (PP-PE), um dos condenados no processo do mensalão.

Fábio disse no começo desta manhã que o mensalão era apenas repasse de recursos para campanha e que todo homem público tem essa prática.

"A legislação brasileira define claramente como se repassa dinheiro para campanha. Há conta específica, tem que ser declarado, tem que se apresentar as contas para o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]. É assim que se faz. Se tem alguém que faz de outra forma, esse alguém tem que responder na forma da lei", afirmou.

EVENTO DO UNICEF

Campos participou no fim da manhã desta quinta-feira de um evento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que ganhou ares políticos.

O governador afirmou reconhecer a importância do Bolsa Família, mas disse ver as filhas do programa ontem serem as mães da iniciativa hoje.

"É colocado o desafio e a coragem de ir abrindo os caminhos para que muitos brasileiros e brasileiras que se criaram com a ajuda dos recursos da união, do Bolsa Família, passem a receber recursos do seu negócio, como empreendedor, do seu trabalho", afirmou, antes de defender a retomada do crescimento econômico.

Antonella Scolamiero, representante do Unicef, elogiou o Brasil e o Estado de Pernambuco, em particular, que reduziu a mortalidade infantil em 81% nos últimos 22 anos.

De acordo com Scolamiero, a mortalidade infantil caiu de 55,8 crianças nascidas vivas para 15,7, o que coloca Pernambuco como o quarto Estado que mais reduziu a mortalidade infantil no país. Fica atrás de Alagoas (83,9%), Ceará (82%) e Paraíba (81,4%).

A cantora Fafá de Belém, amiga da criança e do adolescente para a Amazônia Legal, também elogiou Campos, após lembrar que, há 30 anos, o avô do pernambucano, o ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), disse que o Brasil só teria jeito quando se olhasse para o povo de igual para igual.

"Dudu, você aprendeu tudo. Tem feito muito por este Estado e fará por este país", afirmou Fafá.

Políticos e secretários de Estado que participavam do evento também elogiaram o governador.


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