Folha de S. Paulo


Após onze horas de trabalho, exumação de Jango não tem previsão para acabar

Onze horas após o início da exumação do corpo do presidente João Goulart, em um cemitério em São Borja (RS), os responsáveis pelo procedimento informaram que não há um prazo para a conclusão e disseram que não podem "apressar" os trabalhos.

A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) afirmou que é preciso seguir aspectos éticos que são "morosos". "O período avançado de trabalho era algo que já contávamos", disse a ministra.

Maria do Rosário diz que exumação de Jango é uma 'missão de Estado'
Começa a exumação do presidente Jango em São Borja (RS)
Exumação dos restos mortais de Jango lota hotéis de São Borja (RS)

O perito cubano Jorge Perez, reitor da Universidade de Havana, disse que não há "nenhuma dificuldade" no procedimento, mas determinadas tarefas são lentas, como medições e perfurações na sepultura.

"Estão seguindo um protocolo que foi aprovado. Não estamos fazendo nenhum improviso", declarou Perez. "Como peritos, nós sabemos quando começamos, mas não sabemos quando terminamos. Temos que periodicamente parar, conversar. Não é como alguém pode ter imaginado, chegar aqui e, em cinco minutos, sair com os restos [mortais] do presidente."

EXUMAÇÃO

Os procedimentos começaram por volta das 7h30 desta quarta-feira (13), acompanhados por familiares de Jango e autoridades, como os ministros Maria do Rosário e José Eduardo Cardozo (Justiça).

A expectativa inicial era que a urna com os restos mortais do presidente deixasse o cemitério no meio da tarde, de carro, em direção ao aeródromo de São Borja, de onde partiria de helicóptero para a base militar em Santa Maria, também no RS.

No trecho de carro, a população poderia prestar homenagens ao presidente, deposto pelo golpe militar de 1964.

Os restos mortais passarão a noite em Santa Maria e, na quinta (14) de manhã, serão levados em avião da FAB para Brasília.

O objetivo da exumação é tentar descobrir se Jango morreu de infarto, conforme a versão oficial dos fatos, ou se foi envenenado enquanto estava no exílio na Argentina, conforme suspeitas do governo e de parentes. Na época da morte, há quase 37 anos, não foi realizada autópsia.

Editoria de Arte/Folhapress
Clique para visualizar o infográfico
Clique para visualizar o infográfico

Endereço da página:

Links no texto: