Folha de S. Paulo


Comissão da Câmara adia voto de projeto que prevê reajuste para o Judiciário

O Planalto conseguiu segurar nesta quarta-feira (13) a votação na Câmara de um projeto que prevê reajuste para o Judiciário, uma das matérias incluída na pauta-bomba.

Líderes governistas costuraram um acordo para que a ministra Miriam Belchior (Planejamento) seja ouvida antes da análise da proposta. O aumento estava previsto para ser analisado na Comissão de Trabalho.

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Segundo o vice-líder do governo na Casa, deputado Alex Canziani (PTB-PR), a ministra foi convidada pela comissão para falar sobre o caixa do governo para o pagamento do setor público. "Se aprovarmos, outras categorias poderão fazer pressão para que tenham aumentos também. Isso preocupa bastante o governo", disse.

Miriam Belchior deverá comparecer à comissão na próxima quarta-feira (20) às 14h30. Além do aumento para o Judiciário, há outro projeto semelhante que pleiteia um reajuste para o Procurador-Geral da República. Ambos os projetos foram retirados de pauta, mas podem ser incluídos novamente nas próximas reuniões do colegiado.

Para Canziani, o aumento escalonado concedido no ano passado de 15% para quase todo o setor público do país, incluindo o Judiciário, dificulta a concessão de novos aumentos. Desde o início do mês, o governo vem pressionando o Congresso para barrar a chamada "pauta-bomba", com projetos que podem causar estragos fiscais.

Sérgio Lima-28.mai.13/Folhapress
Ministra Miriam Belchior será ouvida pela Comissão de Trabalho sobre reajuste no Judiciário
Ministra Miriam Belchior será ouvida pela Comissão de Trabalho da Câmara sobre reajuste no Judiciário

Além de ampliar o reajuste dos ministros do Supremo, o texto tem efeito cascata porque aumentará também os vencimentos dos magistrados dos tribunais superiores, da Justiça Federal, do Trabalho e Militar. Com o reajuste já concedido em 2012, os ministros deverão ter aumento em janeiro dos atuais R$ 28.059 para R$ 29.462.

SUPREMO

O aumento do Judiciário é fortemente defendido pelo presidente do STF, Joaquim Barbosa. Em agosto, ele enviou ao Congresso o pedido de aumento sob o argumento de que é preciso adequar o contracheque dos magistrados "à realidade econômica do país".

O reajuste pleiteado é de 4,06%, o que elevaria os salários dos ministros para R$ 30.658 em janeiro, um aumento de quase R$ R$ 1.200 em comparação com os atuais vencimentos. Segundo o próprio projeto, o impacto previsto do extra aos cofres públicos é de R$ 150 milhões ao ano.

No caso da Procuradoria-Geral da República, os salários do procurador-geral subiria também para R$ 30.658 a partir de 2014. No caso do Ministério Público da União, o impacto do aumento extra pretendido é de R$ 52 milhões ao ano. Caso os aumentos sejam aprovados, deputados e senadores podem pleitear salários mais altos também, pois há um entendimento no Congresso de que eles devem receber os mesmos valores pagos a ministros do STF. O projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara e pelo Senado para entrar em vigor.

Esta não é a primeira vez que há um embate entre Executivo e Judiciário na questão salarial. Em 2011, a presidente Dilma Rousseff e o então presidente do STF, Cezar Peluso, se enfrentaram devido ao reajuste pleiteado pelo Judiciário. O governo alegou dificuldades orçamentárias e barrou o aumento solicitado.


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