Folha de S. Paulo


Ex-secretário de Alckmin acusa tucano de inflar ameaças do PCC

O ex-secretário de Segurança Pública Antônio Ferreira Pinto acusou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) de faturar politicamente as supostas ameaças de morte feitas por integrantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) captadas em escutas policiais.

"Ele está aproveitando para colher dividendos políticos", disse Ferreira Pinto em entrevista publicada ontem no jornal "Valor Econômico".

Segundo o ex-secretário, as escutas nas quais um integrante do PCC fala em "decretar" a morte do governador são conhecidas da cúpula da Segurança Pública desde 2011 e não têm nenhuma credibilidade: "A informação é importante desde que você analise e veja se ela tem ou não consistência. Essas gravações não tinham. Tanto que o promotor passou ao largo delas."

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Antônio Ferreira Pinto, quando deixava a secretaria da Segurança, durante cerimônia de transmissão, no Palácio dos Bandeirantes
Antônio Ferreira Pinto, quando deixava a secretaria da Segurança, durante cerimônia de transmissão, no Palácio dos Bandeirantes

De acordo com Ferreira Pinto, o atual secretário da Segurança, Fernando Grella --então procurador-geral de Justiça do Estado-- também sabia que as gravações não tinham consistência, mas eram apenas "fanfarronice".

Na época em que as gravações foram divulgadas, o governador declarou publicamente que não iria recuar: "Nós não vamos nos intimidar, é nosso dever zelar pelo interesse público, lutar contra a criminalidade". Pesquisa do PSDB detectou alta na avaliação do governador.

Ferreira Pinto criticou a atitude do tucano: "Lamentável. [Ele] deve ter suas razões. Eu acho que é mais pelo viés político. Porque na hora que diz 'não vou me intimidar', ele está também dando um 'upgrade' para a facção".

Nomeado secretário de Segurança em março de 2009 pelo então governador José Serra, Ferreira Pinto ficou no cargo até novembro de 2012, quando Alckmin o demitiu.

Questionado sobre as declarações, Alckmin foi evasivo: "Estamos em um outro tempo. Olha, eu acho que ele [Ferreira Pinto] fez, em seu tempo, um bom trabalho. Nós estamos em um outro tempo".


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