Folha de S. Paulo


Janot quer esclarecimentos sobre demora do MPF de São Paulo no caso Alstom

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cobrou nesta terça-feira (29) esclarecimentos sobre a demora do Ministério Público Federal em São Paulo em prestar auxílio a procuradores da Suíça que investigam negócios feitos pela multinacional francesa Alstom.

Conforme a Folha revelou no sábado (26), a Ministério Público da Suíça desistiu de contar com a colaboração do Brasil e arquivou parte do caso Alstom. O pedido de cooperação havia sido feito em fevereiro de 2011 --a Suíça pedia que o Ministério Público Federal brasileiro interrogasse quatro suspeitos do caso, analisasse a movimentação financeira deles no país e fizesse buscas na casa de João Roberto Zaniboni, um ex-diretor da estatal CPTM.

Nenhum pedido foi atendido. Segundo o procurador da República em São Paulo, Rodrigo de Grandis, responsável pelas investigações sobre os negócios da Alstom no Brasil, houve uma "falha administrativa": a solicitação da Suíça havia sido arquivada numa pasta errada e isso só foi descoberta na semana passada.

Em nota divulgada nesta tarde, a Procuradoria-Geral da República informou que Janot enviou um ofício à Secretaria de Cooperação Jurídica Internacional do Ministério Público Federal "para determinar o esclarecimento sobre a suposta demora no cumprimento de pedido de cooperação jurídica passiva em matéria penal no caso Alstom".

Pedro Ladeira-10.out.2013/Folhapress
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em sessão do Supremo Tribunal Federal
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em sessão do Supremo Tribunal Federal

PEDIDOS

O Ministério Público da Suíça havia pedido que Grandis fizesse buscas na casa de Zaniboni porque ele é acusado de receber US$ 836 mil (equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom na Suíça.

A procuradoria suíça também pediu que fossem interrogados os consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José Amaro Pinto Ramos, suspeitos de atuar como intermediários de pagamento de propina pela Alstom.

Segundo os procuradores da Suíça, Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira foram os responsáveis pelos repasses ao ex-diretor da CPTM.

Eles haviam sido indiciados pelas autoridades suíças por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. Arthur Teixeira é o único que continua sendo investigado. Ele é controlador da empresa Gantown, sediada no Uruguai, que teria feito repasses da Alstom para Zaniboni entre 1999 e 2002.

Editoria de Arte/Folhapress

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