Folha de S. Paulo


Lula compara oposição brasileira aos republicanos nos EUA

Em entrevista ao jornal argentino "Página 12", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a oposição brasileira aos integrantes do Partido Republicano, opositores do presidente democrata Barack Obama nos EUA.

Lula comparou a resistência dos republicanos à reforma do sistema de saúde proposto por Obama com o fim da CPMF [o chamado imposto do cheque], derrubado pela oposição, em votação no Congresso, em 2007.

Com brechas na lei, Lula antecipa tom de campanha

"A oposição a meu governo terminou com um imposto [CPMF]. Eram R$ 40 milhões por ano para a saúde. Acreditavam que me prejudicariam. Não foi assim. Sai do governo com aprovação de 87%. (...) Se parece com a lamentável intransigência da oposição norte-americana ao projeto de saúde proposto pelo presidente Barack Obama", disse Lula.

Na entrevista ao diário argentino, partidário do governo de Cristina Kirchner, Lula abordou ainda o recente caso de espionagem dos EUA no Brasil, a ida de Marina Silva para o PSB e a onda de protestos que tomou o país em junho.

Ao comentar que as manifestações surpreenderam a todos, o ex-presidente afirmou que é natural que um povo que conseguiu tantas conquistas nos últimos anos queira mais. "Há uma nova geração, mais educada e exigente. É bom, em geral, que o povo exija mais. Cabe aos políticos escutar as demandas e trabalhar ainda mais".

Ueslei Marcelino/Reuters
Ex-presidente Lula participa de evento Buenos Aires, na Argentina
Ex-presidente Lula participa de evento na terça-feira (15) em Buenos Aires, na Argentina

Ao ser questionado sobre a ida de Marina para o PSB, Lula ressaltou a força da presidente Dilma Rousseff. Para ele, a presidente tem todas as condições de ser reeleita nas eleições do ano que vem. "Não há motivos para a presidente Dilma temer qualquer adversário".

Com relação à espionagem americana na Presidência da República e na Petrobras, Lula afirmou que foram ações que "feriram a nossa soberania". "Precisamos esperar as explicações norte-americanas sobre espionagem e um pedido de desculpas, que ainda não veio", concluiu.

Ao jornal, ele ainda comemorou a integração da América Latina e disse que a relação entre Brasil e Argentina é a melhor em dez anos.

BUENOS AIRES

Lula chega hoje à Argentina para uma série de eventos e homenagens. O ex-presidente e o Nobel de Economia Amartya Sen são as estrelas do 1° Congresso de Responsabilidade Social, que começa hoje em Ciudad Evita, na Grande Buenos Aires.

A palestra de Lula está marcada para as 11h45 desta terça-feira (15). Na ocasião, o brasileiro será agraciado com o título de doutor honoris causa pela UBA (Universidade de Buenos Aires).


Endereço da página:

Links no texto: