Folha de S. Paulo


Diante de Dilma, base diz que Marina no PSB é boa notícia

Na retomada de suas conversas com a base aliada na Câmara nesta segunda-feira (7), a presidente Dilma Rousseff ouviu muitos comentários sobre a migração da ex-senadora Marina Silva (AC) para o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, mas pouco falou a respeito.

As especulações sobre o futuro político dos dois potenciais rivais de Dilma nas eleições do ano que vem permeou o início da reunião no Palácio do Planalto. Na avaliação de líderes aliados, Marina perdeu mais do que ganhou ao aderir à sigla de Campos. Ao mesmo tempo, também não foi prejudicial a Dilma, uma vez que, segundo eles, diminui a chance de a disputa, no ano que vem, ir para o segundo turno.

Diante dos comentários, Dilma não esboçou reação. "Externamos opiniões, com consenso e sintonia, que o quadro, no momento, favorece a presidente. A redução do número de candidaturas [favorece Dilma]. Quanto menos candidaturas, as chances da presidente se ampliam. Ela não falou, mas todos nós falamos no bate-papo. Ela ouviu, mas não comentou", relatou o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE).

A Folha apurou, contudo, que, diante da avaliação da maioria de que quem perde agora é Marina, Dilma ponderou, segundo relato: "Não dá para desconsiderar [a Marina]. Ela não é qualquer pessoa".

Guimarães também criticou afirmação da ex-senadora, de que sua parceria com Campos era uma forma de vencer o "chavismo" que se instalou no país. "A senadora falar mal do chavismo é um tiro no pé, pela trajetória dela, pela trajetória da esquerda brasileira. A esquerda brasileira sempre teve profunda identificação ideológica com Chávez, com o chavismo na Venezuela. De repente se muda tudo? É o caminho da direita", disse.

O vice-líder do PDT, Marcos Rogério (RO), disse que a presidente demonstrou preocupação também com a profusão de partidos a serem criados. Dilma ouviu dos líderes reclamações sobre a precariedade do sistema de certificação de assinaturas e queixas sobre a falta de questionamento, por parte do Tribunal Superior Eleitoral, se a coleta de apoio passou por processos lícitos ou não.

"A verdade é que a maior parte dos partidos que compõem a base aliada perderam deputados para novos partidos", comentou.


Endereço da página: