Folha de S. Paulo


Governo mantém maioria depois de troca-troca de partido

Mais de 10% dos 513 deputados federais mudaram de partido na atual temporada do troca-troca de políticos, encerrada no sábado, limite para as filiações com vistas às eleições de 2014.

Impulsionados pela criação de dois partidos no país, o Solidariedade e o Pros (Partido Republicano da Ordem Social), pelo menos 57 deputados mudaram de casa, muitos deles movidos por promessas de verbas, controle partidário nos Estados e mais espaço na propaganda eleitoral na TV.

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O número ainda pode mudar porque os partidos têm até o final desta semana para informar as mudanças de legenda à Justiça Eleitoral.

Montado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical, o Solidariedade reuniu uma bancada de 21 deputados, a nona maior da Casa.

Apesar de Paulinho, como é conhecido, defender o alinhamento da legenda ao PSDB do senador mineiro Aécio Neves, vários integrantes da nova sigla manterão nos Estados apoio ao governo Dilma Rousseff, como o ex-petista Domingos Dutra (MA).

A sigla de Paulinho recebeu adesões principalmente do PDT, partido que encolheu sua bancada de 27 para 18 cadeiras, o que a coloca como a 10ª maior, exatamente atrás do Solidariedade.

"Ele [Paulinho] quer um partido pra chamar de seu, virou uma praxe isso, todo mundo quer um partido para chamar de seu", diz o presidente do PDT, Carlos Lupi.

"Contabilmente o partido pode até ter perdido, mas, quando o Brizola morreu [em 2004] nós tínhamos oito deputados federais, aí depois fizemos 27. Nessa época, o Brizola disse que a política e os políticos profissionais adulam e adoram os traidores, mas a história os abomina.".

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BASE GOVERNISTA

Apesar do viés oposicionista, a criação do Solidariedade não altera de forma significativa a ampla base nominal de apoio de Dilma na Câmara, de cerca de 75%.

Isso porque a outra legenda criada no país, o Pros (Partido Republicano da Ordem Social) tende a apoiar o Palácio do Planalto.

O Pros encerrou a temporada de troca-troca com uma bancada de 16 deputados federais (12ª da Casa).

Pros e Solidariedade se tornaram a janela do "troca-troca" porque a legislação livra o "infiel" do risco de perda do mandato caso a migração seja para uma nova legenda. Entre as promessas aos novos filiados está o rateio generoso com os diretórios estaduais, que serão comandados por eles, do fundo partidário recebido dos cofres públicos.

Também tiveram perdas expressivas o PSD (sete cadeiras, mas ganhou três), o PR (perdeu sete; ganhou dois) e o PMDB (seis saíram, um entrou).

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