Folha de S. Paulo


Ao lado de manifestantes, índios xingam e oferecem cédulas de R$ 2 a deputado do PT

Um grupo de índios que protestaram nesta quarta-feira (2) em frente ao Ministério da Justiça bloqueou a passagem e cercou o carro do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele foi xingado, chamado de ladrão, teve cédulas de R$ 2 e R$100 oferecidas a ele e os pneus do carro foram furados.

Além dos índios, o episódio contou com a presença de manifestantes que cobram a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 300, que prevê a criação do piso salarial único para policiais e bombeiros militares em todo o País e que está parada na Câmara.

Ao identificarem que o carro era do deputado, os índios perguntaram como ele votava na PEC 215, que transfere do Executivo para o Legislativo a demarcação de terras indígenas. De dentro do carro, o deputado disse que votaria de acordo com a orientação do governo e do PT.

Os índios cobram a posição pessoal do deputado. Ele insistiu que votaria de acordo com o PT. Um dos manifestantes começou a enrolar o carro com papel higiênico. Outro escreveu Ladrão na lataria do carro com batom.

O petista desceu do carro e tentou negociar com os índios, mas ouviu xingamentos, como "bandido". "Eles me disseram que queriam negociar ali. Que o gabinete deles era ali na rua. Eu disse que poderia recebê-los na terça-feira no meu gabinete. Eles não quiseram", contou Vaccarezza.

Com os manifestantes exaltados, Vaccarezza tentou entrar no prédio do Ministério da Justiça, mas a segurança não deixou. Pelo vidro, ele informou que era deputado e precisa entrar porque estava sendo ameaçado.

Com isso, ele conseguiu entrar no prédio e deixou o local por outra porta, tendo que pegar um táxi.

"Esse tipo de manifestação não tem sentido. Eu tinha até simpatia por essa causa, mas vão ganhar minha antipatia e isso não quer dizer que vou votar contra, já que vou votar com o PT".

Vaccarezza disse que vai acionar a Polícia para investigar os danos ao carro.


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