Folha de S. Paulo


Análise: Possível ausência de candidato paulista dará peso decisivo a SP

José Serra fica no PSDB. Com isso, à parte a retórica diplomática e a vigorar a lógica da maioria interna, Aécio Neves deve ser o candidato tucano à Presidência, e o ex-governador provavelmente estará fora da disputa.

Nesse cenário, será a primeira eleição desde a redemocratização sem um paulista na cédula presidencial. Esse dado, mais do que a matemática de haver mais ou menos candidatos, é considerado crucial por analistas políticos de governo e oposição.

Os estrategistas de Dilma Rousseff avaliaram que o "fico" de Serra confirmou São Paulo como o Estado crucial da eleição de 2014 --o equivalente aos "swing states'' norte-americanos, que definem o resultado a depender de para onde oscilar o "pêndulo" do eleitorado.

O voto paulista foi tucano nas últimas disputas e tenderia a desaguar em Serra, se não majoritariamente, sempre em percentual importante caso ele fosse candidato pela terceira vez, no PPS.

Sem um paulista "de escol'' como adversário, o PT deve concentrar seus esforços para que Dilma arraste as fichas no Estado, usando como trunfo a expectativa de que Aécio não una o PSDB.

Daí que, mesmo fora do grid eleitoral, Serra será um ator importante da sucessão. O êxito do mineiro em solo paulista dependerá de uma costura fina com o até então antagonista e com o governador Geraldo Alckmin.

E Marina Silva? Dilma e os demais presidenciáveis veem a segunda colocada nas pesquisas como uma esfinge difícil de ser decifrada.

Os políticos tradicionais demonstram perplexidade diante da possibilidade de, malograda a criação da Rede, ela simplesmente ficar sem partido e abrir mão de um capital de 20% dos votos.

Mas não é uma hipótese descartada. Caso se confirme e Marina não seja candidata, aumenta a chance de que a eleição seja decidida no primeiro turno. Até por isso, palacianos e oposicionistas concordam: a pressão para que ela se filie e dispute a eleição será enorme até sábado.


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