Folha de S. Paulo


Polícia faz buscas nas casas de líderes de manifestações no RS

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul fez ações de busca e apreensão nesta terça-feira (1º) nas casas de militantes que lideraram os protestos de junho em Porto Alegre.

Computadores, documentos e anotações foram apreendidos durante o cumprimento de sete mandados, de acordo com os policiais.

Dois dos alvos da ação, Lucas Maróstica e Matheus Gomes, estão entre os porta-vozes do Bloco de Luta pelo Transporte, grupo que reúne entidades que pedem o passe livre e que convocou as manifestações daquele mês na capital gaúcha. Eles chegaram a ser recebidos pelo governador Tarso Genro (PT) no palácio do governo durante um dos atos.

O Bloco de Luta também promoveu um acampamento de oito dias na Câmara Municipal de Porto Alegre em julho. Na semana passada, um protesto agendado pelo movimento teve confrontos com policiais militares.

O secretário da Segurança do Estado, Airton Michels, disse que os mandados de busca foram autorizados pela Justiça e que o objetivo é aprofundar as investigações.

Integrante do PSOL, Maróstica, 23, disse à Folha que não estava em casa em momento da ação e que a polícia informou que investiga o crime de formação de quadrilha.

"Entraram lá, levaram o computador, panfletos, adesivos e cartazes. É perseguição política, uma retaliação aos movimentos que aconteceram no Brasil."

A ex-deputada Luciana Genro (PSOL), filha do governador gaúcho, afirmou em redes sociais que será advogada de Maróstica e republicou uma mensagem com críticas a Tarso.

Matheus Gomes, que foi candidato a vereador em 2012 pelo PSTU, disse por uma rede social que os policiais levaram seu computador, "documentos políticos e textos marxistas". Afirmou que tudo foi "revirado".

Uma outra ação de busca e apreensão ocorreu em um espaço cultural usado por grupos anarquistas em Porto Alegre.

Após as buscas, Tarso disse que a polícia "pode não ter observado" a diferença entre a mobilização política de ativistas e ações violentas.

Falou ainda que, assim que ficou sabendo do caso, pediu a um secretário que marcasse uma reunião com representantes do PSOL e do PSTU para falar sobre o assunto e que não quer que a iniciativa policial seja vista como repressão a movimentos sociais. A polícia afirma que não apura "vinculações ideológicas".

PROFESSORES

A ação ocorre no mesmo dia em que a Polícia Civil gaúcha anunciou o indiciamento de três professores por suspeita de participação em atos de vandalismo na semana passada.

No protesto da última quinta-feira convocado pelo Bloco de Luta, vidros da catedral de Porto Alegre e a fachada de um museu foram atacados por vândalos.

Professores estaduais que compareceram à manifestação foram detidos e pagaram fiança para serem liberados. Segundo o delegado Paulo César Jardim, os três jogaram pedras contra os prédios e vão responder por danos ao patrimônio.


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