Folha de S. Paulo


Professores de escolas técnicas mantêm greve e vão para a Cinelândia, no Rio

Em assembleia realizada na manhã desta terça-feira (1°), professores da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro) decidiram manter a greve da categoria, iniciada no dia 12 de agosto.

Durante o encontro, que aconteceu na praça do Largo do Machado, os servidores da rede estadual de ensino decidiram apoiar o ato dos professores municipais que acontece em frente à Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, centro da capital fluminense.

Inicialmente, os professores da Faetec fariam uma caminhada até o Palácio Guanabara, sede do governo estadual, que fica a poucas quadra da praça Largo do Machado.

A decisão foi tomada após a realização de uma votação. Uma parte dos professores não concordaram com a decisão de ir até a Cinelândia porque parte dos presentes queriam fazer pressão no Palácio do governo e, depois, partir para a Cinelândia, onde estão concentrados os professores municipais. A maioria votou por unificar a luta da educação no Rio.

Por volta das 12h10, os docentes partiram para o centro do Rio. A marcha fechou a rua do Catete, a principal do bairro, o que complicou o trânsito na região. A Câmara Municipal do Rio está cercada por grades e grande contingente policial. Os vereadores pretendem votar ainda hoje um plano de cargos e salários que desagrada os professores municipais.

Os professores da Faetec têm sindicato próprio, pois as escolas técnicas do Rio fazem parte da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.

GREVE MUNICIPAL

Centenas de policiais militares montam um cerco à Câmara Municipal do Rio, no centro da capital fluminense, desde as 4h desta terça-feira (1°). Segundo a PM, o reforço policial foi um pedido do presidente da Casa, Jorge Felipe (PMDB), para evitar invasão e cancelamento da sessão no plenário.

A votação do plano de carreira dos professores está prevista para as 16h de hoje. Por volta das 10h30, cerca de cem manifestantes protestavam em frente à Câmara.

DEPREDAÇÃO

Ontem, um grupo de manifestantes que estava na Cinelândia, no centro do Rio, deixou a praça em direção à 5ª Delegacia de Polícia, na Lapa, zona boêmia da cidade.

No caminho, depredaram a fachada de vidro do Edifício Serrador, onde funciona a sede do grupo EBX, do empresário Eike Batista, que passa por uma grave crise financeira. Além disso, destruíram um toldo da lanchonete McDonald's e jogaram pedras em um ônibus.

Tânia Rêgo/Divulgação/ABr
Prédio da Câmara Municipal no Rio é cercado por grades impedindo a passagem de carros e pedestres
Manifestantes continuam acampados na lateral da Câmara; policiamento é reforçado para garantir sessão no plenário

"BLACK BLOCS"

No fim da tarde de ontem, "black blocs" se juntaram aos professores e deram voltas no quarteirão da Cinelândia, o que causou o fechamento de ruas e deu um nó no trânsito. Alguns deles estavam com o rosto encoberto, apesar da nova lei que proíbe o uso de máscaras no Rio.

Uma briga entre policiais militares e manifestantes "black blocs" terminou com uma pessoa com o pé quebrado, dois manifestantes detidos e uma bomba atirada dentro de uma viatura policial na avenida Rio Branco, centro do Rio. Manifestantes alegam que foi uma bomba de efeito moral de um policial que teria sido acionada por engano. Alguns, inclusive, gritaram "burro" para um grupo de PMs logo após o ocorrido.

Outros manifestantes, contudo, afirmam que foi uma bomba do tipo "cabeção de nego", atirada pelos que estavam protestando. Atônitos, os policiais apenas tiraram a viatura do local e não buscaram identificar responsáveis.

GREVES

Tanto a categoria dos professores municipais quanto a dos professores estaduais estão em greve desde agosto. Eles são contra o plano de cargos e salários proposto pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB). Ontem, Paes realizou uma teleconferência para responder dúvidas dos professores.

Paes fez críticas ao sindicato do professores, Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), afirmando que continua aberto ao diálogo e que o plano é favorável à categoria, o que é contestado pelos professores.

Editoria de Arte/Folhapress

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