Folha de S. Paulo


Renan exonera servidora do Senado acusada de lavagem de dinheiro

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), exonerou nesta terça-feira (1°) a servidora Flávia Peralta de Carvalho, acusada de participar de fraudes desmontadas pela Polícia Federal na Operação Miqueias. A servidora ocupava cargo comissionado, sem concurso público, na assessoria de imprensa da Presidência do Senado.

Em nota, Renan afirma que a atuação de Flávia estava "restrita a secretariar a assessoria de imprensa da presidência do Senado, não tendo relação funcional com o presidente do Senado Federal". O senador não deu mais detalhes sobre a atuação da servidora no Senado.

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Segundo o jornal "O Globo", a PF investiga o envolvimento de Flávia com suposta lavagem de dinheiro da organização do doleiro Fayed Traboulsy e do ex-policial civil Marcelo Toledo. Os dois foram presos na Operação Miqueias por lavagem e remessa ilegal de dinheiro para o exterior.

A reportagem afirma que Flávia seria sócia do pai, Flávio Júnior Carvalho, apontado pelos promotores do caso como "cúmplices" de Fayed e Toledo. Segundo "O Globo", o Ministério Público do Distrito Federal chegou a pedir a prisão temporária da servidora, mas o pedido foi rejeitado pelo Tribunal de Justiça do DF.

Fayed e Toledo são investigados desde 2008 pela Polícia Federal, numa operação chamada de Tucunaré (peixe grande) por lavagem e remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Na época, escutas flagraram Fayed pedindo ajuda a Toledo para que ele usasse os contatos no governo para descobrir se o doleiro era grampeado.

Toledo também foi gravado num dos vídeos da Caixa de Pandora, que apurou o mensalão do DEM no DF, perguntando sobre dinheiro do então vice-governador Paulo Octávio que seria dado a prefeitos. Fayed havia sido preso em março, numa operação da polícia do DF. A defesa afirma ainda que as atividades dos dois são legais.

OPERAÇÃO MIQUEIAS

A Operação Miqueias foi deflagrada em meados de setembro para apurar dois esquemas distintos supostamente comandados por um ex-policial, um doleiro e um ex-dirigente de fundo de pensão e que teria movimentado R$ 300 milhões em 18 meses.

As investigações indicam que, além de lavar dinheiro, os líderes do grupo participavam de um esquema que aliciava prefeitos e gestores do fundo de previdência de servidores. Em troca de vantagens indevidas, eles aplicavam dinheiro da previdência social em "papeis podres", ou seja, de baixa rentabilidade e risco extremamente elevado, oferecidos pelo grupo.

Além do Senado, a Presidência da República tambémexonerou um assessor da subchefia de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais investigado pela Polícia Federal. Assessor da pasta comandada pela ministra Ideli Salvatti desde março do ano passado, Idaílson José Vilas Boas Macedo também vai responder a sindicância instaurada nesta sexta para apurar a participação dele no esquema de desvio de recursos de fundo de pensão de servidores municipais.

Filiado ao PT de Goiás desde 1999, Idaílson é investigado pela PF por formação de quadrilha e tráfico de influência. Ele foi flagrado em escutas telefônicas e é suspeito de atuar em favor do grupo facilitando e promovendo encontros, em especial, de prefeitos do interior de Goiás com os responsáveis do esquema que ofereciam os fundos de investimentos.


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