Folha de S. Paulo


Renan nega ter indicado namorada de Dirceu a cargo vinculado ao Senado

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou nesta segunda-feira (30) ter indicado a atual namorada do ex-ministro José Dirceu, Simone Tristão Pereira, para ocupar um cargo de confiança na instituição.

A servidora foi nomeada no dia 8 de agosto para ocupar a função de especialista em marketing de relacionamento no Interlegis (Instituto Legislativo Brasileiro) --órgão da estrutura do Senado Federal responsável pela capacitação profissional de servidores. O salário mensal da servidora, segundo o Portal da Transparência do Senado, é de R$ 12,8 mil.

Por meio de sua assessoria, Renan disse também não ter conhecimento da indicação de Simone para o cargo. A nomeação ocorreu em meio ao processo, deflagrado por Renan, de reduzir o número de cargos de confiança no Senado e a estrutura de pessoal, especialmente nas áreas administrativas da instituição.

A nomeação de Simone foi assinada pela ex-diretora geral do Senado Dóris Romariz Peixoto, que pediu para deixar o cargo há duas semanas, depois de discutir com Renan. A ex-diretora disse a interlocutores que discordava de medidas adotadas pelo presidente da Casa relacionadas aos cortes na área administrativa.

O sucessor de Dóris, Helder Rebouças, era chefe do Interlegis em agosto --quando Simone assumiu o cargo. Ele foi indicado por Renan para assumir a diretoria-geral do Senado com a saída de Dóris.

Segundo a revista "Veja", Dirceu teria pedido a Renan para indicar sua namorada para o cargo por ter ser amigo do presidente do Senado, com quem teria uma "excelente relação".

Dirceu confirmou, por meio de sua assessoria, que é namorado de Simone. Mas nega que tenha pedido a Renan para indicá-la para o cargo. Segundo assessores do ex-ministro, Simone já havia trabalhado na Câmara dos Deputados e chegou ao Interlegis por sua "capacidade profissional".

Renan também disse que não pretende exonerar a namorada de Dirceu do cargo que ocupa no Interlegis uma vez que cabe à sua chefia imediata analisar o seu desempenho profissional --uma vez que diz não ter conhecimento da indicação da servidora.

Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão. Uma das provas utilizadas pelo tribunal para a condenação é o fato de uma de suas ex-mulheres, Ângela Saragoça, ter recebido favores do empresário Marcos Valério em 2003: um emprego no BMG e um empréstimo de R$ 42 mil no Banco Rural.

Além disso, outro réu do mensalão, Rogério Tolentino, adquiriu um imóvel de Ângela em São Paulo. A psicóloga Maria Ângela da Silva Saragoça, 59, viveu com Dirceu de 1981 a 1990 e teve uma filha com ele.

Até o início do ano, Dirceu foi casado com Evanise Santos, que foi relações públicas da Presidência da República, com quem rompeu pouco antes de começar o namoro com Simone Tristão.


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