Folha de S. Paulo


PT diz que manterá cargos onde houver compatibilidade com PSB

A Executiva Nacional do PT decidiu nesta segunda-feira (23) que o partido deve manter os cargos que ocupa nos Estados governados pelo PSB, desde que haja "compatibilidade de programas" entre as duas siglas.

Na semana passada, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, anunciou que a legenda deixará os dois ministérios que ocupa no governo Dilma Rousseff --Integração Nacional e Secretaria dos Portos.

Fernando Rodrigues: Ao evitar emparedar Campos, petistas deixam porta aberta

Potencial candidato ao Palácio do Planalto em 2014, Campos vem aumentando o tom de suas críticas à administração federal e se aproximando de outro presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o que desagradou petistas e Dilma.

Desde a última quarta-feira (18), quando o PSB comunicou sua saída da Esplanada, há uma expectativa de que o PT também possa entregar os cargos que ocupa em cinco dos seis Estados governados pelo PSB: Pernambuco, Ceará, Amapá, Espírito Santo e Piauí.

Em uma resolução divulgada no final da tarde desta segunda, o PT afirmou que "os cargos estão sempre à disposição" dos governadores e que "deve prevalecer o debate programático" tanto nos Estados comandados pelo PSB quanto nas administrações petistas de que os socialistas fazem parte, como Bahia e Rio Grande do Sul.

"Estamos dizendo isso: onde tiver compatibilidade de programas, nós queremos continuar atuando juntos", afirmou o presidente do PT, Rui Falcão.

O dirigente também declarou que a decisão de Campos é "legítima" e destacou o fato de o pernambucano ter dito que o partido continuaria votando com o governo Dilma no Congresso.

Falcão deixou a reunião no final da manhã para se reunir por cerca de uma hora com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Durante o almoço bastante tenso, em que criticou a minirreforma política defendida por Vaccarezza e a "fraca" atuação da bancada do PT na Câmara em defesa de Dilma, Lula pediu que os petistas tentem "apaziguar" as críticas ao governo federal que surgem dentro da própria base, incluindo dos aliados do PSB.

Em encontro na semana passada com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra (PSB), Lula deixou claro que não fazia coro aos petistas que defendem a entrega de cargos nos governos comandados pela sigla socialista dos quais o PT faz parte. Para o ex-presidente, é necessário "mais conversa" para "manter canal aberto" com o PSB.

A nota divulgada no final da tarde pela Executiva vai ao encontro do que prega Lula.

Pedro Ladeira-4.jul.13/Folhapress
O presidente do PT, Rui Falcão
O presidente do PT, Rui Falcão

Leia abaixo a íntegra do documento:

NOTA DA COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PT

A Comissão Executiva Nacional do PT, reunida em São Paulo no dia 23 de setembro de 2013, a propósito da decisão do Partido Socialista Brasileiro - PSB de deixar de participar do governo federal, decide:

1) reafirmar que tanto agora quanto nas eleições de 2014, está em jogo a mesma disputa de projetos que marcou as eleições de 2002, 2006 e 2010

2) que, portanto, tanto no primeiro quanto no segundo turno, a disputa colocará os partidos em dois campos distintos: um deles representado pelos avanços promovidos pelos governos de Lula e de Dilma, e outro, representado pelos governos hegemonizados pelo PSDB, DEM e PPS

3) neste sentido, esperamos que o PSB se mantenha ao lado do projeto de mudanças que estão em curso no País

4) onde o PT decidiu participar de governos dirigidos pelo PSB, assim como onde o PSB participa de governos dirigidos pelo PT, deve prevalecer o debate programático, mantendo a diretriz de que os cargos estão sempre à disposição

5) orientamos nossos diretórios municipais e estaduais, assim como nossas bancadas, a fortalecerem o campo democrático popular, que em 2014 deverá reeleger a companheira Dilma presidenta.

São Paulo, 23 de setembro de 2013.
Comissão Executiva Nacional do PT


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