Folha de S. Paulo


Candidatura Campos não pode servir à 'oposição reacionária', diz Cid Gomes

O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), afirmou ao seu colega de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que uma candidatura própria do partido à Presidência não pode "fortalecer a oposição reacionária" e se dispôs a reaproximá-lo da presidente Dilma Rousseff. A conversa entre os dois governantes do PSB ocorreu durante jantar na segunda-feira passada.

No jantar, Campos afirmou a Cid que sua disposição atual é disputar a Presidência da República no próximo ano, como revelou nesta quinta-feira a coluna Painel, da Folha. Uma decisão oficial, porém, somente deve sair em 2014. Cid é contra a candidatura própria e defende o apoio à reeleição da presidente Dilma, com quem tem uma relação muito próxima.

O governador cearense já havia criticado o acordo pré-eleitoral de não agressão firmado no mês passado entre Campos e o senador Aécio Neves, provável candidato do PSDB ao Planalto.

Alan Marques - 17.mar.10/Folhapress
Os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos, e do Ceará, Cid Gomes, do PSB; em imagem de 2010
Os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (à esquerda), e do Ceará, Cid Gomes (à direita), do PSB; em imagem de 2010

Cid manifestou esse incômodo ao governador de Pernambuco. "A gente cumprir o papel de fortalecer oposição reacionária me preocupa. Nosso campo, e ele ratificou isso para mim, é um campo progressista, e eu me preocupo que uma candidatura nossa possa cumprir o papel apenas de servir ao reacionarismo e ao conservadorismo do Brasil", afirmou Cid à Folha.

Segundo o governador cearense, Campos demonstrou "respeito" com a presidente e lhe fez elogios, como "mulher séria, trabalhadora e bem-intencionada". Por isso, Cid se dispôs a "ajudar a refazer pontes com o governo da presidenta Dilma".

Campos, porém, tem feito críticas ao governo federal em encontros com políticos e empresários, e sua movimentação pré-eleitoral tem irritado a presidente. O governador cearense diz que conversará com interlocutores de Dilma para tentar diminuir esse distanciamento.

"Se eu tivesse visto nele uma postura de falta de respeito com a Dilma, eu jamais iria fazer, assunto encerrado, mas não foi o caso. Então eu vou até o limite procurar recuperar essa relação", afirmou Cid.


Endereço da página: