Folha de S. Paulo


Dia de protestos pelo país tem mais de 300 detidos

Os protestos neste sábado, Sete de Setembro, nas capitais do país em geral contaram com baixa adesão e foram acompanhados por um forte esquema de segurança. Alguns desfiles tiveram duração menor em relação a outros anos, com o objetivo de dar menos margem à realização de manifestações.

Atos convocados por meio de redes sociais uniram-se ao tradicional Grito dos Excluídos, organizado por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda.

Mais de 300 pessoas foram detidas em todo o país. Houve registro de vandalismo em São Paulo, Rio e Porto Alegre, onde manifestantes quebraram duas agências bancárias no centro da cidade e foram cercados pela polícia, sem confronto. Lojas fecharam as portas por medo de depredações.

Presenciou ou participa de protesto? Envie foto ou relato
Saiba como foram os protestos do Sete de Setembro
Depredação e atropelamentos marcam protestos deste sábado em SP
Série de confrontos deixa ao menos 50 detidos em Brasília
Porto Alegre tem prisões e ataque a bancos

Em São Paulo, a manifestação comandada pelos black blocs começou na avenida Paulista. Ele se dirigiram até a região central da cidade, onde entraram em confronto com a PM na frente da Câmara Municipal.

Na praça João Mendes, um grupo de manifestantes cercou um policial, que disparou para o chão. Uma bala ricochetou e atingiu de raspão o queixo de um fotógrafo. Pelo menos quatro pessoas foram atropeladas, duas na região da Sé. Uma das vítimas foi atingida por um carro da Polícia Militar.

Mais tarde, parte dos Black Blocs retornou à avenida Paulista, onde um novo confronto com a PM resultou em pelo menos cinco pessoas feridas e novas prisões. Pelo menos 30 pessoas foram detidas ao longo do dia.

No Rio, houve confrontos pela manhã e também à tarde.

Um grupo de manifestantes tentou invadir a parada militar que se realizava na avenida Presidente Vargas. A PM interveio. O desfile continuou. Mas muitas famílias que assistiam à parada, assustadas, deixaram o local.

Mais tarde, um grupo tentou se aproximar do Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. A PM, que isolava o local, rechaçou os manifestantes.

BRASÍLIA

Em Brasília, a violência ocorreu de parte a parte, com vândalos atacando lojas e o prédio da Rede Globo, e a polícia usando de bastante violência para conter manifestantes. A PM usou mais força e equipamentos como jatos de água, e foi bem-sucedida em desmotivar ao fim do dia os manifestantes.

O dia começou com bastante tranquilidade, com um grande reforço de policiamento devido ao desfile e ao amistoso da seleção brasileira --que venceu a Austrália por 6 a 0.

Os problemas começaram por volta das 11h30, quando um grupo de manifestantes que incluía radicais dos Black Blocks atacou o prédio da Rede Globo, gritando slogans associando a emissora à ditadura militar.

Houve uma tentativa de invasão, e rapidamente a polícia interveio. 350 homens do Batalhão de Choque isolaram a área, e alguns manifestantes depredaram lojas e uma concessionária de automóveis vizinhas. Carros e vidros foram danificados.

Depois, o grupo uniu-se a outros jovens da Marcha do Vinagre e estudantes. Começaram a marchar em direção ao Estádio Nacional Mané Garrincha, para onde cerca de 40 mil torcedores já se encaminhavam a pé. Houve mais confrontos com a PM.

Veja vídeo

Assista ao vídeo em tablets e celulares

JUNHO

A exemplo das manifestações de junho, os protestos voltaram a ser marcados pela ampla pauta de reivindicações.

No Recife, os atos reuniram manifestantes contra a presidente Dilma Rousseff e o governador Eduardo Campos (PSB-PE). No carro de som, manifestantes cantavam: "Ó, Eduardo, ó, Eduardo, ó. Não é só dez centavos, nossa luta é bem maior".

Em Vitória (ES), o mote do protesto foi a reforma política. Os manifestantes em Florianópolis (SC) pediram cadeia aos mensaleiros e o fim da corrupção no país.

Uma pauta política difusa também marcou os protestos em Manaus e Belém. Houve palavras de ordem contra todos os níveis de governo, partidos políticos e forças de segurança.

Em Goiânia (GO), João Pessoa (PB) e Campinas (SP), a principal pauta das manifestações se relacionou à melhoria nos serviços públicos em setores, saúde, transporte e educação principalmente.

Em Porto Alegre (RS), a mídia foi um dos principais alvos de críticas no Grito dos Excluídos. Outra passeata, convocada por grupos que pedem passe livre, pediu a desmilitarização das polícias.

A manifestação em Belo Horizonte não teve pauta específica. Havia uma faixa também defendendo a desmilitarização da Polícia Militar e foram muitos os gritos contra a PM. Amarildo, o morador da Rocinha levado pela PM e até hoje desaparecido no Rio, também foi lembrado. "Fora Fifa" e "Não vai ter Copa" foram outros gritos entoados.


Endereço da página:

Links no texto: