Folha de S. Paulo


Depredação e atropelamentos marcam protestos deste sábado em SP

Cenas de violência, depredação e atropelamentos marcaram as manifestações deste sábado (7), Dia da Independência, em São Paulo. Os protestos dos "black blocs" tiveram início à tarde, na avenida Paulista, e se espalharam pela região central da cidade.

Novamente tomada por manifestantes no início da noite, a Paulista foi liberada por volta das 20h30. Novos confrontos com a polícia foram registrados e pelo menos 20 pessoas foram detidas, segundo a PM --elevando para ao menos 30 o número de presos ao longo do dia.

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Os protestos tiveram início de tarde, na Paulista, que chegou a ser ocupada por cerca de 1.500 pessoas, segundo a PM. A concentração, no vão-livre do Masp, teve início às 14h. No local, o grupo de rap RZO aproveitou a cena para filmar um clipe musical. Os mascarados, então, seguiram em marcha no sentido Paraíso.

Muros e fachadas de bancos foram pichados pelo caminho. Manifestantes também chutavam cones, lixeiras e quebraram guarda-sóis da ciclofaixa, preservando as hastes, depois usadas como armas. O grupo gritou frases contra o governador Geraldo Alckmin e pela desmilitarização da polícia.

Após uma breve passagem pela 23 de Maio --também fechada nos dois sentidos--, o grupo, já reduzido (entre 500 e 800, segundo a PM), seguiu para a Câmara Municipal, no centro, onde a confusão teve início. Após um grupo atirar pedras contra a sede do legislativo, a PM respondeu com bombas de gás lacrimogêneo, dispersando manifestantes. Parte deles, então, passou a apedrejar os policiais. Alguns PMs relançaram as pedras.

Após a dispersão, alguns se reagruparam e seguiram até a Sé, passando pelo largo São Francisco. Pelo menos quatro agências bancárias --incluindo Bradesco, Santander, Banco do Brasil-- foram depredadas. Orelhões arrancados de seus postes foram jogados na rua. Um carro da GCM (Guarda Civil Metropolitana) também foi alvo dos manifestantes. A Tropa de Choque da PM foi acionada.

Em meio à confusão, um policial militar, vítima de pedradas, disparou sua pistola contra o chão na praça João Mendes. Um dos tiros ricocheteou e atingiu o repórter fotográfico Tércio Teixeira, no queixo, de raspão. Ele teve ferimentos leves e foi levado a um hospital.

Enquanto isso, um ato distinto, pacífico, ocorria na Paulista e bloqueava novamente a via. Com cartazes e bandeiras do Brasil --muitos vestidos de verde e amarelo--, o grupo pede o fim da corrupção e maior transparência política. Alguns sentaram na pista.

Três caminhões do Choque se posicionaram no meio da praça da Sé. A partir de então, a situação no local foi controlada.

ATROPELAMENTOS

Pelo menos quatro pessoas foram atropeladas neste sábado, duas no entorno da Sé. Uma das vítimas foi um personal trainer de 30 anos, arremessado após ser atingido por um Corsa azul. O motorista fugiu. Manifestantes e PMs se aglomeraram para socorrê-lo. De táxi, ele foi levado a um hospital.

Um outro homem foi atingido por um carro da Polícia Militar. Ele foi socorrido pelo Samu (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência). Ambos estavam conscientes no momento do resgate, embora não haja ainda informações sobre o estado de saúde deles.

De acordo com a PM, um motorista responsável por dois atropelamentos, não especificados, foi detido. A identidade dele não foi revelada.


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