Folha de S. Paulo


Manifestantes mascarados são detidos no DF; governo veta máscaras no Sete de Setembro

Policiais militares e manifestantes com rosto coberto entraram em confronto na tarde desta quinta-feira (5) em gramado próximo ao Congresso Nacional.

O incidente teve início após a polícia abordar um grupo de cerca de 20 pessoas encapuzadas --duas foram encaminhadas à delegacia da capital. Uma delas teria se recusado a se identificar e outra foi detida por portar estilingue e bolas de gude. Polícia Militar tentava desmontar um acampamento feito no local há várias semanas por agentes penitenciários. Dezenas de barracas foram montadas no gramado.

O conflito ocorreu próximo às arquibancadas montadas para o desfile de Sete de Setembro. Os policiais usaram spray de pimenta para dispersar o grupo, mas um dos manifestantes chegou a entrar pela janela do carro para tentar libertar uma colega que estava na viatura.

Dois carros e duas motos da PM foram usados na ação --cerca de 20 agentes estavam presentes.

PRECAUÇÕES

O governo do Distrito Federal anunciou nesta quinta que vai deter manifestantes que usem máscaras durante os protestos que estão sendo convocados nas redes sociais para o feriado do Sete de Setembo, Dia da Independência.

A detenção valerá até que o manifestante retire a máscara e se identifique.

Os protestos estão sendo convocados pelo grupo de ativismo hacker Anonymous em 149 cidades, incluindo as principais capitais.

A página do evento, que os manifestantes chamam de "maior protesto da história do Brasil" e "Operação Sete de Setembro", já distribuiu 5,1 milhões de convites em todo o país, com 398 mil confirmações. Esses números, porém, não representam presença efetiva.

Em Brasília, há protestos sendo convocados para começar às 9h00 na Esplanada dos Ministérios, durante o desfile militar que será assistido pela presidente Dilma Rousseff.

Outras manifestações são convocadas para ocorrer ao longo dia, tanto na Esplanada quanto na entrada do estádio Mané Garrincha, onde a seleção brasileira enfrentará a Austrália às 16h15.

A secretaria de segurança pública do DF estima que entre 80 mil e 100 mil pessoas circularão por Brasília num raio de 5 km entre o desfile, o jogo de futebol e outros dois eventos paralelos --um congresso internacional de medicina, no centro de convenções, e um festival de música, no Museu Nacional.

Para acompanhar toda a programação, o governo vai mobilizar 4 mil policiais militares, 320 bombeiros, 150 policiais civis e 110 agentes do Detran (Departamento de Trânsito do DF). Na conta não entra o efetivo que as Forças Armadas empregarão na segurança do desfile.

Perto do estádio, um total de 1,3 mil PMs vão montar três barreiras, uma a 5 km da arena, outra a 2,5 km e a terceira, formada pelo batalhão de choque, a 1,2 km.

O governo também anunciou que vai colocar em prática, no estádio, uma lei assinada pelo governador Agnelo Queiroz (PT-DF) e publicada no Diário Oficial no último dia 21, segundo a qual fica proibido o uso de canetas a laser. A pessoa que usar o aparelho estará sujeita a uma multa de R$ 500.

Aparelhos do gênero serão apreendidos na entrada do estádio.

Canetas a laser foram usadas por diversos manifestantes na Esplanada dos Ministérios durante os protestos de junho. Os manifestantes miravam os pilotos de helicópteros da Polícia Civil, da Polícia Militar e de emissoras de TV, pondo em risco tripulação e passageiros. Segundo o governo, o laser direcionado aos olhos pode causar cegueira e, no caso dos pilotos, a queda da aeronave.


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