Folha de S. Paulo


Policiais usam spray de pimenta em ato 'black bloc' em SP; uma pessoa foi detida

A polícia empregou spray de pimenta e uma pessoa foi detida em protesto convocado por adeptos de manifestações "black blocs" nesta quinta-feira (5) em São Paulo. O rapaz foi levado pelos policiais à 8ª DP, no bairro Brás. Como ele demorou para chegar à delegacia, os participantes do ato ficaram preocupados com seu sumiço e fecharam os dois sentidos da avenida Paulista, cobrando que seu paradeiro fosse revelado.

Mais tarde, os manifestantes chegaram à estação Paraíso de metrô, onde discutiram com os guardas. Eles pretendiam fazer um "catracaço" --ato em que pulam as catracas e entram sem pagar. "Vocês podem pagar a passagem que eu acompanho vocês", sugeriu um dos guardas. Os seguranças do metrô e os participantes do protesto não chegaram a um acordo e houve pancadaria. Manifestantes chegaram a usar um extintor de incêndio contra os guardas e foram retirados da estação à força. Quando policiais entraram, tudo já estava apaziguado e não houve mais prisões.

A única detenção ocorreu depois que manifestantes haviam fechado uma pista da rua Consolação --no sentido que sai do centro e vai em direção à avenida Paulista-- e uma viatura tentou furar um bloqueio. A polícia alega que precisava passar com urgência pois uma pessoa passava mal no carro. O grupo começou a brigar com os policiais, que utilizaram spray de pimenta. A Força Tática da PM acompanhou a manifestação.

Enquanto a avenida Paulista permaneceu bloqueada na altura do shopping Conjunto Nacional, um homem e uma mulher foram hostilizados quando passavam pelo ato dentro de uma Ferrari. "Morte à burguesia", gritaram os manifestantes enquanto a mulher escondia o rosto.

Minutos depois, nas proximidades do Masp, os "black blocs" encontraram um skinhead, que provocou o grupo e pediu que a polícia agredisse os manifestantes. Ele foi atacado pelos participantes do protesto. O confronto só se encerrou com a chegada da Força Tática da PM. O skinhead, depois de mostrar uma tatuagem com símbolo fascista, foi retirado do local por policiais.

Cerca de 30 pessoas participam do protesto, de acordo com a reportagem da Folha. No grupo, que está sendo acompanhado por policiais militares desde o começo do ato, há cerca de dez pessoas mascaradas.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) --carregam uma faixa com as palavras "fora Alckmin"-- e pregam "liberdade aos mascarados", em referência às ações que visam proibir a atuação em protestos enquanto se está com o rosto escondido.

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A manifestação saiu da frente do Theatro Municipal de São Paulo, no centro da cidade, às 18h15, acompanhada de cerca de 20 PMs e três viaturas, segundo contagem da Folha. Mais tarde, caminharam em direção à praça da República, pela avenida São João, pegaram a avenida Ipiranga até a praça Roosevelt, de onde entraram na rua Consolação.


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