Folha de S. Paulo


Movimentos sociais protestam contra cartel do metrô em SP

Militantes de movimentos sociais protestaram nesta quarta-feira (4) diante das sedes da Alstom e da Siemens, duas das empresas apontadas como integrantes do cartel que eleva os preços das concorrências do Metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

A manifestação, na Lapa (zona oeste de São Paulo), também tinha como alvo o governo paulista, comandado desde 1995 pelo PSDB. Segundo a PM, o ato reuniu 400 pessoas. Os organizadores estimaram a presença de mil manifestantes.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Manifestantes de vários grupos sociais realizam protesto contra cartel do metrô em São Paulo
Manifestantes de vários grupos sociais realizam protesto contra cartel do metrô em São Paulo

O protesto foi convocado pelo Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que levou seus militantes em 22 ônibus e ainda deslocou carro de som, um trio elétrico e até uma UTI móvel para o ato.

Os integrantes do MAB desembarcaram dos ônibus por volta das 9h30 e bloquearam a alça que liga a via Anhanguera à pista local da Marginal Tietê, no sentido Castello Branco. Meia hora depois, partiram em marcha rumo às sedes da Alstom e da Siemens, que ficam no mesmo complexo empresarial na Lapa.

"A gente quer denunciar as empresas corruptoras e tirar o foco dos políticos corruptos, porque não adianta ficar trocando um político pelo outro. Hoje seria o 'Fora sujeira, corrupção', mas o 'fora, Alckmin' e 'fora PSDB' a gente também é bem a favor", disse Octavio del Passo, coordenador estadual do Levante Popular da Juventude.

Robson Formica, do Movimento de Atingidos por Barragens, disse que "há indícios e outras denúncias de que essa formação de cartel também se manifesta na construção de usinas hidrelétricas". À frente do protesto, uma faixa do MAB dizia "Alstom e Siemens: transnacionais criminosas também estão em Belo Monte".

Também havia um cartaz pedindo "Fora, PSDB" e fotos do governador Geraldo Alckmin e de seus antecessores Mario Covas e José Serra. As baterias dos dois movimentos cantavam paródias de músicas populares com palavras de ordem contra políticos tucanos e as duas empresas.

Militantes com coletes vermelhos usaram fitas para isolar algumas faixas da pista local da Marginal Tietê enquanto avançavam até a Alstom, deixando uma ou duas faixas livres para o trânsito. A Polícia Militar destacou 70 homens para acompanhar o ato, com nove viaturas, duas bases móveis e motocicletas.

A via foi totalmente interditada apenas quando o protesto chegou à frente da Alstom, onde os militantes encenaram uma "negociação" entre um "empresário" vestindo cartola de Tio Sam e o PSDB enquanto outros fingiam se espremer em um trem de papelão com o logotipo da CPTM.

A entrada do centro empresarial foi bloqueada com cones e correntes, mas os manifestantes não tentaram entrar. Os muros do local foram pichados com cifrões e frases contra a Alstom. No trio elétrico, uma banda tocava ao vivo músicas como "Que País É Esse?", do Legião Urbana, e "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", de Geraldo Vandré.

Já a Siemens integrou, ao lado das mesmas construtoras, outro consórcio, o Linha Amarela, que venceu a licitação do lote 3, responsável pela construção do pátio de manobras da Vila Sônia.


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