Folha de S. Paulo


Professores estaduais protestam por melhores condições de trabalho no Rio

Um protesto de professores da rede estadual chegou a reunir mil funcionários públicos, segundo a Polícia Militar, na tarde desta sexta-feira (16) no Rio de Janeiro.

O grupo se concentrou às 16h na praça do Largo do Machado e fez uma caminhada até o Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio, que fica no bairro vizinho de Laranjeiras, na zona sul carioca. A polícia acompanhou o ato, que ocorreu de forma pacífica e dispersou por volta das 19h.

Os professores reivindicam aumento de 28%. Em abril, após uma greve de 72 horas, o governo concedeu 8% de reajuste salarial. Neste momento, o percentual que deverá ser oferecido aos docentes não está definido. Atualmente, o salário base de um professor do estado é de R$ 1.080 para uma carga horária de 16 horas semanais.

Outra das reivindicações é que cada docente tenha que dar aula em apenas uma escola e que cada matéria tenha no mínimo dois tempos semanais. Atualmente, os professores do Rio trabalham em mais de uma escola, o que, segundo eles, compromete a qualidade do ensino.

Ale Silva/Futura Press/Folhapress
Professores do Rio de Janeiro na região do Largo do Machado durante uma passeata nesta sexta-feira (16)
Professores do Rio de Janeiro na região do Largo do Machado durante uma passeata nesta sexta-feira (16)

A manifestação foi convocada pelo SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) do Rio. Os professores se reuniram nesta sexta com o chefe de gabinete da Casa Civil, Arthur Bastos. Uma nova reunião com integrantes do governo foi marcada para a próxima segunda-feira. Ao final da reunião, que aconteceu por volta das 18h, o sindicato pediu que o grupo, que aquela altura reunia em torno de 600 pessoas, deixasse a porta do palácio em caminhasse de volta para o Largo do Machado.

Um grupo que queria permanecer no local, não concordou e chamou os integrantes do sindicato de "pelegos". Não houve tumulto. Um novo ato está marcado em Copacabana às 11h de domingo.

REDE MUNICIPAL

Professores da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro também fizeram, na quarta-feira, um protesto por melhorias nas condições de trabalho. De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio, que engloba também os profissionais do município, cerca de 3 mil professores participam do ato, que começou no Largo do Machado e segue em direção a Botafogo, na zona sul da cidade.

INSATISFAÇÃO

Além das manifestações organizadas por sindicatos de categorias, o Rio de Janeiro tem visto rotineiramente atos exigindo a renúncia do governador Sérgio Cabral (PMDB), opção descartada pelo político. Devido às pressões, o peemedebista desistiu de utilizar diariamente um helicóptero do Estado para percorrer os menos de menos de 10 quilômetros que separam sua casa do Palácio Guanabara, ambos na zona sul da capital fluminense.

A Folha revelou que o gasto anual com operações aéreas da Subsecretaria Militar, responsável pela frota que atende as autoridades estaduais, é de R$ 9,5 milhões, incluindo combustível, seguro e aula para pilotos. Sete helicópteros atendiam ao governador, vice, secretários e presidentes de autarquias estaduais.

'Foi um erro administrativo', diz Cabral sobre passeio pago pelo Estado

Em junho, o procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, instaurou procedimento para "[apurar o uso]" dos helicópteros. De acordo com a revista "Veja", as aeronaves transportaram os filhos de Cabral, babás e até o cachorro da família, Juquinha. Também foram usadas, segundo a reportagem, por empregados pessoais do governador em viagem à casa de veraneio do político.

CÂMARA DO RIO

A Câmara Municipal do Rio de Janeiro também tem sido alvo de protestos desde sexta-feira, quando dois peemedebistas --Chiquinho Brazão e Professor Uóston, colegas de partido do prefeito do Rio, Eduardo Paes-- foram escolhidos para comandar a CPI do Ônibus, que irá investigar a concessão das linhas de ônibus municipais do Rio. Brazão e Uóston foram escolhidos, respectivamente, como presidente e relator da CPI.

O Eliomar Coelho (PSOL), autor do requerimento para a criação da comissão, é o único membro da CPI que assinou o pedido. A expectativa de quem acompanhava a sessão era que ele fosse escolhido para conduzir os trabalhos de investigação.

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A instalação da CPI era uma das reivindicações dos manifestantes que, desde junho, saem às ruas no Rio. Os vereadores que apoiam o prefeito Eduardo Paes (PMDB) --40 dos 51 que compõe a Casa-- resistiam a assinar o pedido, mas parte acabou cedendo devido à pressão popular.

Um grupo de 50 manifestantes ocupou o interior do prédio na sexta-feira e ao menos nove pessoas permanecem acampadas no plenário da Casa na praça da Cinelândia, no centro do Rio. A sessão de quinta teve que ser cancelada devido à pressão daqueles que participavam do protesto e cercavam a Casa.

AMARILDO

Os manifestantes que vão às ruas no Rio e em São Paulo frequentemente exigem saber o que aconteceu com Amarildo Dias de Souza. O ajudante de pedreiro e morador da comunidade da Rocinha desapareceu em 14 de julho, no Rio. Amarildo foi visto pela última vez sendo levado por recrutas da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) à sede da unidade, no alto da favela. As câmeras de segurança localizadas diante da sede da UPP estavam queimadas no dia em que o assistente de pedreiro foi levado. A família de Amarildo diz acreditar que ele está morto.


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