Folha de S. Paulo


Atores fazem protesto teatral em frente à Alerj para lembrar desaparecidos

Atores ligados à ONG Rio de Paz fizeram um protesto teatral, nesta terça-feira (13), em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), para lembrar os desaparecidos no Estado. O grupo fez uma réplica do chamado "forno micro-ondas", simbolizando as vítimas desaparecidas que tiveram o corpo queimado.

A manifestação foi realizada antes de uma audiência pública sobre casos de desaparecidos no Rio, criada pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj. Em seguida, um manequim coberto por um véu, uma máscara e com manchas de tinta vermelha --representando uma vítima-- foi levado para a sala onde estava sendo realizada a sessão.

Entre o grupo de atores estava a atriz Thayla Ayala. Os artistas também levavam cartazes e faixas perguntando sobre o paradeiro do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, após ser abordado por policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, zona sul.

Elisabete Gomes da Silva, mulher de Amarildo Souza, também esteve na Alerj para participar da audiência. "Só quero saber onde está o meu marido. Ele sumiu, evaporou e ninguém sabe nada. Estou tendo forças para continuar a lutar com apoio de Deus e dos amigos", disse.

A irmã do ajudante de pedreiro, Maria Eunice Lacerda, lembrou de outros desaparecidos. "Não é só o Amarildo que está desaparecido. São muitos outros também. Precisamos dar um basta nisso. A gente precisa se unir", afirmou.

O empresário Adriano Amieiro, irmão da engenheira Patrícia Amieiro, desaparecida há cinco anos, também participou da audiência e alertou que a legislação para ocultação de cadáver deve ser mais rígida. "Esperamos que as autoridades deem um novo rumo para esses casos porque quando não há corpo, não há crime. Agora, a gente aguarda o julgamento no júri popular dos policiais que fizeram isso com a minha irmã", disse emocionado.

De acordo com a ONG Rio de Paz, mais de 35 mil pessoas desapareceram no Estado do Rio entre 2007 e 2013. Levantamento afirma ainda que só no ano passado foram registrados 5.934 casos de desaparecidos.


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