Folha de S. Paulo


Manifestantes participam de reunião com presidente da Câmara do Rio

Os cerca de 60 manifestantes, em sua maioria estudantes, que viraram a primeira noite na ocupação da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, participam neste sábado de uma reunião com o presidente da Casa, o vereador Jorge Filipe (PMDB).

A informação foi confirmada pelo vereador Jefferson Moura (PSOL), que é um dos que negocia com o grupo suas condições de permanência desde sexta-feira, e pelos próprios integrantes da ocupação. De acordo com um manifestante que falou com a Folha por telefone na manhã deste sábado, a madrugada foi tranquila e sem registro de incidentes.

O ato é em repúdio à escolha de dois parlamentares do PMDB, mesmo partido do prefeito do Rio, Eduardo Paes, para comandar a CPI dos Ônibus na capital Fluminense. Chiquinho Brazão e Uóston foram escolhidos, respectivamente, como presidente e relator da CPI.

Nenhum dos dois votou a favor do requerimento do vereador Eliomar Coelho (PSOL) para a criação da comissão. A expectativa de quem acompanhava a sessão era que Eliomar Coelho, na condição de autor do relatório, fosse escolhido para conduzir os trabalhos de investigação.

Os manifestantes entraram na Câmara por volta das 9h de ontem para pressionar os parlamentares durante a sessão que instalou a CPI, que irá investigar o transporte público municipal da cidade. Durante a sessão, foi registrado tumulto porque boa parte dos interessados em acompanhar os trabalhos da CPI foram impedidos de entrar no prédio da Câmara. Quando a sessão foi encerrada e a CPI composta por apenas um parlamentar de oposição, os manifestantes decidiram ocupar a plenária.

Os vereadores da base governista foram embora e apenas alguns vereadores de oposição, a Polícia Militar em grande contingente e jornalistas permaneceram no local. A luz foi cortada e os banheiros trancados. Policiais se posicionaram nas portas de acesso à plenária. Temendo a invasão da polícia, os manifestantes fecharam as portas com barricadas.

Jornalistas foram impedidos de cobrir livremente as discussões no plenário. Depois de votarem, os integrantes da ocupação decidiram que a imprensa poderia ficar desde que com equipamentos de vídeo desligados e sem passar informações em tempo real.

O argumento dos ocupantes era que ali seriam discutidos pontos importantes para a segurança do grupo e que isso não poderia ser divulgado. Apenas representantes da "mídia alternativa" poderiam permanecer. Após bate-boca, jornalistas decidiram deixar o plenário.

No início da noite, foi negociado a retirada de parte do contingente de 160 policiais do prédio e o restabelecimento da luz e do acesso aos banheiros.

CPI

A CPI irá investigar os consórcios de linhas de ônibus que rodam no município. Serão apurados, entre outros assuntos, indícios de formação de cartel e de irregularidades nos contratos que garantem as gratuidades oferecidas aos estudantes da rede pública de ensino.

A primeira reunião da CPI está marcada para terça-feira (13), com a convocação do atual secretário de transportes, Carlos Osório, e também do ex-secretário da mesma pasta, Alexandre Sansão. O prazo de conclusão da CPI é de 120 dias.


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