Folha de S. Paulo


Análise: Dilma precisa mostrar respostas específicas para reaver aprovação

A leve recuperação da popularidade do governo Dilma Roussef, revelada pelo Datafolha é amparada especialmente por oscilações positivas na percepção dos brasileiros sobre as variáveis econômicas como inflação, poder de compra dos salários e desemprego.

Apesar de a atuação geral da presidente em relação aos protestos dos últimos meses ter dividido a opinião pública, o ambiente favorável às manifestações em si já não apresenta a mesma amplitude captada logo após os atos --a parcela da população que percebe mais prejuízos do que benefícios para o país por causa dos episódios cresceu dez pontos percentuais nos últimos 40 dias.

Nas pesquisas anteriores, feitas em junho, já se percebia apoio majoritário aos principais pontos da resposta da presidente às ruas. Na ocasião, as ideias de consulta popular e reforma política eram bem recebidas pela maior parte.

Agora, mesmo identificando a má gestão de recursos como principal problema do setor da saúde no país, cresce em sete pontos percentuais a taxa de brasileiros que se coloca favorável à contratação de médicos estrangeiros para áreas de carência. Com as ações, Dilma descola o Executivo da imagem do Congresso Nacional, que tem desempenho amplamente reprovado frente aos episódios.

Mas é cedo para apostar em retomada acelerada dos índices de popularidade da presidente. Como já se viu, o cenário econômico, especialmente a percepção sobre o desemprego, tem alta correlação com o ânimo do cidadão. Fica a dúvida sobre o limite dos reflexos políticos e eleitorais das medidas e ações adotadas até aqui.

A distribuição de rejeição e apoio ao governo pelos setores da sociedade tornou-se mais desigual após as ações de junho.

A aprovação da presidente passa dos 40% entre os menos escolarizados e mais pobres, mas permanece abaixo dos 30% entre os mais ricos e instruídos.

Em municípios com menos de 5.000 habitantes metade dos eleitores aprova Dilma, enquanto em cidades com mais de 500 mil moradores somente 27% a apoiam.

Captar as diferentes demandas, demonstrar atenção e se entender com essa diversidade são desafios e caminhos que se impõem ao governo federal neste momento para recuperar a popularidade perdida.

Editoria de Arte/Folhapress

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