O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), visitou anteontem de surpresa um acampamento de manifestantes em Fortaleza para tentar se aproximar de movimentos sociais.
No final da noite, sem assessores e acompanhado apenas de seus seguranças, o governador sentou na calçada e conversou com os manifestantes por quase quatro horas, madrugada adentro.
O grupo, acampado no local há cerca de um mês, é contrário à derrubada de árvores do parque do Cocó para construção de viadutos. Cid passava em frente ao local por volta das 22h e, ao ver uma faixa de protesto, resolveu conversar com eles. Ficou no parque até cerca de 2h, debatendo com 50 manifestantes.
O governador tentou convencê-los a sair do local e deixar a obra prosseguir, oferecendo em troca a promessa de legalizar o parque do Cocó e recuperar áreas de mangue. Os manifestantes recusaram a proposta e permaneceram lá. O governador foi embora aos gritos de "Cid ditador" e "assassino do Cocó".
Há duas semanas o ex-deputado Ciro Gomes, irmão de Cid, chamou esses manifestantes de "maconheiros".
Após a onda de manifestações iniciada em junho, Cid tem tentado dialogar com os líderes dos protestos. Prometeu um plebiscito sobre a obra de um mega-aquário em Fortaleza, com custo previsto de R$ 270 milhões, mas a proposta não foi adiante na Assembleia Legislativa.
Os viadutos que passarão pelo parque do Cocó servirão para implantação do sistema de BRT (ônibus rápido). A prefeitura diz que está plantando mudas de árvores em outro local do parque para compensar as que serão derrubadas.