Folha de S. Paulo


Jornalistas da CBN Curitiba fazem greve após denúncia de assédio

Os jornalistas da rádio CBN Curitiba paralisaram suas atividades na manhã desta segunda-feira (5) pedindo esclarecimentos sobre uma denúncia de assédio sexual por um dos comentaristas da emissora.

O noticiário local ficou interrompido até as 14h. Nesse período, a rádio retransmitiu as notícias nacionais da rede CBN.

Nos últimos dias, três jornalistas da emissora --o diretor de jornalismo José Wille, o chefe de reportagem Marcos Tosi e o âncora Álvaro Borba-- pediram demissão por considerarem que "o ambiente de trabalho estava comprometido".

As decisões foram tomadas após cinco funcionárias relatarem episódios de assédio sexual por parte do comentarista esportivo Airton Cordeiro. Ele nega as acusações. A equipe produziu um dossiê com as denúncias e o entregou à direção, na semana passada, mas se queixou da falta de providências.

Os jornalistas temiam que o funcionário, por seu vínculo com a direção da empresa, não fosse afastado.

Na manhã de hoje, após a paralisação, a direção da rádio se reuniu com os funcionários e com representantes do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. A emissora afirmou que já havia rescindido o contrato com Cordeiro e garantiu que não há possibilidade de que ele retorne à empresa.

A direção também se comprometeu a procurar os profissionais demissionários para reintegrá-los à redação.

Em entrevista à Folha, Cordeiro negou as acusações, que disse terem sido "montadas", e afirmou que está sendo vítima de uma campanha para afastá-lo da emissora. "Eles se utilizaram de uma mentira para defender a minha saída. É uma coisa policialesca", declarou. "Brincar todo mundo brinca. Mas esse tipo de conduta que estão relatando não faz meu feitio."

Como não há denúncia formal contra o profissional, ele não tem advogado constituído.

A CBN Curitiba emprega 35 pessoas, sendo cerca de 20 jornalistas.


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