Folha de S. Paulo


Apesar de apelo, manifestantes permanecem em frente ao prédio de Cabral

Apesar do apelo feito ontem no início da noite pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), cerca de 10 pessoas ainda permaneciam acampadas em frente ao prédio dele no Leblon, na zona sul do Rio. A manifestação ficou conhecida como o movimento "Ocupa Cabral", que pede o impeachment do executivo.

O movimento segue a linha do "Occupy Wall Street", criado em 2011, nos Estados Unidos, contra a desigualdade econômica e social, a ganância, a corrupção e a indevida influência de empresas nos governos.

Os protestos contra Cabral aumentaram depois de ser revelado que o governador ia diariamente de helicóptero ao trabalho, uma distância de apenas 10 quilômetros, e que sua família também se utilizava do transporte nos fins de semana. Diante dos protestos, o governador teve que cercar o seu local de trabalho, o Palácio Guanabara, com grades de segurança. Ontem, as grades foram retiradas.

Cabral disse que está indo trabalhar de carro e que sua família não vai utilizar os helicópteros do governo até que a Casa Civil formulasse um Protocolo de Uso, que está sendo preparado. Ele alega que não havia uma norma para essa utilização.

De acordo com a Polícia Militar, desde que ocuparam o local, na noite de domingo, não foi registrado nenhum incidente com os manifestantes do "Ocupa Cabral". Moradores e comerciantes da região providenciaram inclusive alimentação para os participantes.

Em entrevista ontem, Cabral apelou, "como pai", para que os jovens deixassem de ocupar as esquinas da avenida Delfim Moreira e a rua Aristides Espínola, o que, segundo ele, vem perturbando o seu filho caçula, de seis anos.

Cabral reconheceu que vem agindo de maneira autoritária, mas alegou que não era um ditador, e que estava aberto ao diálogo.

"Aprendi com as críticas, aprendi com a vinda do papa [Francisco]", disse com a voz embargada quando se referia aos filhos, que segundo ele, vem acompanhando todas as manifestações contrárias ao seu governo pelas redes sociais.

"Quero fazer um apelo para que saiam da porta da minha casa, tenho crianças pequenas, é um apelo do coração", afirmou, se dizendo "totalmente aberto ao diálogo".

Ele argumentou inclusive que já recebeu um grupo de jovens que se manifestava contra ele, o que é contestado pelo movimento "Ocupa Cabral". "Eu recebi esses meninos e recebo outros", disse.


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