Folha de S. Paulo


Representantes de movimentos LGBT elogiam declarações do papa sobre gays

Representantes de movimentos LGBT elogiaram nesta segunda-feira (29) as declarações que o papa Francisco deu sobre gays durante uma entrevista para jornalistas que embarcaram a Roma com ele. O pontífice afirmou que homossexuais não devem ser discriminados, mas integrados à sociedade. "Se uma pessoa é gay, busca Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", disse Francisco.

"Acreditamos que a fala do papa ajuda muito, já que seus antecessores tinham posições contrárias aos direitos LGBT", afirmou Carlos Magno Fonseca, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). "Vi com surpresa e fiquei feliz. É um grande avanço quando um líder religioso dessa importância se posiciona dessa maneira", acrescentou.

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Fonseca ainda disse que o papa não precisa se dedicar à causa da comunidade gay: "O respeito é muito importante para nós. Ele pode nem assumir as nossas reivindicações --só pelo fato dele nos respeitar, já é motivo de comemoração".

Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, também viu a declaração de Francisco com bons olhos. "A fala dele desmistifica a questão LGBT dentro da Igreja Católica", disse. "Assim como pessoas divorciadas não deixam de se comungar, homossexuais também vão à igreja. É preciso compreender isso. É a nossa luta: quebrar esse preconceito", explicou Quaresma.

Para o líder LGBT, o papa dá um passo no sentido de adequar o discurso à prática. "Na prática, nunca tive conhecimento de um gay ou de uma lésbica que foi expulso da igreja por ser homossexual. A questão agora é fazer com que isso também faça parte do discurso da igreja."

A vice-presidente Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT do Rio de Janeiro, Marcelle Esteves, concorda que a postura de Francisco é inclusiva. "Ele nos parece ser um indivíduo agregador e, nesse sentido, recebemos com bons olhos o que ele declarou na entrevista", afirmou ela. O Grupo Arco-Íris espera que a declaração do papa represente uma abertura da igreja a todo e qualquer indivíduo, independentemente da opção sexual.

Esteves faz a ressalva de que sua instituição não vê a entrevista do papa como representativa da opinião de toda a igreja. "Como ele é a peça maior dessa organização religiosa, esperamos que os demais sacerdotes sigam e exercitem o que ele falou", explica.


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