Folha de S. Paulo


Sexto dia do papa no Brasil é marcado por multidões e vigília em Copacabana

Em seu sexto e penúltimo dia no Brasil, neste sábado o papa Francisco celebrou missa na Catedral Metropolitana do Rio (centro), participou de encontro com cerca de 2.000 convidados representantes da sociedade civil no Theatro Municipal e almoçou com cardeais, bispos e a alta cúpula da CNBB (Conferência Nacional de Bispos do Brasil).

À noite, chegou de papamóvel na praia de Copacabana (zona sul), onde orou junto a milhares de fiéis na vigília realizada no local.

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Os peregrinos que chegaram à orla com antecedência (alguns passaram a madrugada ) puderam aproveitar o sol e acompanhar diversos shows de artistas católicos, realizados a partir das 12h. Segundo a organização da JMJ, foram 355 mil inscritos, vindos de 175 países, sendo 62% brasileiros.

Ali, em uma das cenas mais inusitadas do mega-evento, dezenas de bispos e cardeais repetiram a coreografia do "flash mob" que será realizado para receber Francisco na missa de encerramento, no domingo. Muitos militares armados --com fuzis para balas de borracha e gás de pimenta-- faziam a segurança. Houve filas para usar os banheiros químicos (a organização só trouxe 1.000 dos 4.400 banheiros de Guaratiba, local anteriormente previsto para o encontro

No Monumento dos Pracinhas, no Aterro do Flamengo, o peregrino enfrentou filas para retirar "kit vigília", com três quilos de alimentos industrializados --como biscoitos, sucos, achocolatados e sanduíches, entre outros produtos, que serão suficientes para cinco refeições: almoço e jantar no sábado e café da manhã e almoço de domingo.

Integrantes do movimento feminista Marcha das Vadias também foram até Copacabana no começo da tarde, mas para protestar contra a violência sexual, contra o Estatuto do Nasciturno, pela laicidade do Estado, descriminalização e legalização do aborto e pela regulamentação da prostituição. Houve distribuição de camisinhas e o uso de imagens sagradas como objetos fálicos, o que acabou por chocar quem estava à espera do argentino.

Mais tarde, enquanto o pontífice e outras pessoas discursavam, um pequeno grupo de manifestantes se reuniu na altura do hotel Othon e trocaram provocações verbais com participantes da Jornada. A Força Nacional se posicionou em linha para isolar os fiéis. A madrugada de sexta para sábado também já tinha sido marcada por uma 'peregrinação' de 12 km por manifestantes que gritavam palavras de ordem contra o governador do Rio, Sérgio Cabral.

Alguns padres também chegaram a expressar descontentamento, estes com a demora para entrar no rito religioso que iniciou a programação do dia, às 9h. Fechada à entrada de peregrinos, a cerimônia durou cerca de uma hora e meia e contou com a presença de bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas da 28ª Jornada Mundial da Juventude (leia a íntegra do discurso proferido por Francisco na ocasião).

Lá, Francisco criticou os "dogmas modernos" da eficiência e do pragmatismo e exortou seus sacerdotes a priorizar as favelas. "Não há lugar para o idoso nem para o filho indesejado: não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas são regidas por dois dogmas modernos: eficiência e pragmatismo", disse.

Em seguida, o representante máximo da Igreja Católica se dirigiu ao Theatro Municipal, onde se reuniu e discursou para cerca de 2.000 convidados representantes da sociedade civil. Dentre os presentes estavam empresários, artistas, políticos e índios --estes últimos foram orientados a vestir a camiseta da JMJ para entrar.

No discurso dirigido à classe política brasileira (veja ele completo aqui ), o papa defendeu o diálogo e a "a cultura do encontro" para resolver tensões políticas. Mais cedo, via Twitter, ele já tinha dito que os "bispos são os pastores do povo".

O compromisso seguinte foi um almoço com a alta cúpula da CNBB no Palácio Apostólico do Sumaré, residência oficial da arquidiocese do Rio, no alto da estrada do Sumaré, Rio Comprido, na zona norte.

Dali ele seguiu para dar início à vigília de orações, na praia de Copacabana, às 19h30. Durante essa etapa, a história da Jornada foi lembrada. Falando para uma multidão de cerca de 3 milhões de pessoas, o religioso chamou os fiéis de "atletas de Cristo" e pediu aos jovens que fossem "protagonistas e saíssem às ruas". Muitos peregrinos chegaram a se ajoelhar e se emocionar.

Veja agenda do pontífice para o domingo.


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