Folha de S. Paulo


Manifestantes tentam invadir área do palco após saída do papa

Manifestantes que se concentravam desde o fim da tarde de ontem em frente à estação de metrô Cardeal Arcoverde, no bairro de Copacabana, tentaram invadir à noite a área reservada que leva ao palco onde o papa Francisco tinha participado de uma das cerimônias da Jornada Mundial da Juventude.

O papa já tinha deixado o local quando chegaram cerca de 500 manifestantes --de acordo com a estimativa da Polícia Militar.

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Entre as faixas que carregavam estava uma que pedia o fim da comissão criada pelo governador Sérgio Cabral para investigar os atos de vandalismo nos protestos.

Cerca de 50 agentes da Força Nacional fizeram um bloqueio na altura da avenida Princesa Isabel para conter o grupo. Enquanto isso, policiais militares e a equipe de segurança do evento levavam mais grades de metal para isolar a área e impedir uma invasão do local.

A aproximação dos manifestantes aconteceu justamente quando a cerimônia chegava ao fim.

Assustados, peregrinos da Jornada correram ao ver manifestantes se aproximando. Pelo sistema de som do evento, o locutor pedia aos fiéis que não tivessem pressa de sair, já que a programação musical continuaria.

Policiais chegaram a usar armas de choque elétrico contra manifestantes.

DEBATES

Mais cedo, no início da manifestação, a estação do metrô onde os manifestantes se concentravam tinha se transformado em um centro de debates entre eles e os peregrinos participantes do evento católico.

Integrantes dos dois grupos discutiam sobre os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude e de questões religiosas.

O estudante Luiz Gustavo Chagas, 19, que veio de Goiás, se incomodou com o cartaz "Deus não existe" e começou a discutir com João Pedro Vieira, 23, manifestante e membro do coletivo "Voz das Ruas".

Vieira criticou o dispêndio de recursos públicos no evento. "É errado gastar R$ 118 milhões num evento religioso", criticou. Prefeitura da capital e Estado afirmam que gastaram R$ 52 milhões.

"De onde você tirou esse valor? O governo não gastou nada. Só com segurança. E o papa também é um presidente, e o Brasil é obrigado a fazer a segurança dele", afirmou Chagas. "Esse valor está nos jornais", disse Vieira.

"Mas vocês não são contra a mídia? Por que usam ela para se justificar?", retrucou Chagas. "É onde podemos nos informar", respondeu o manifestante.

Entre as palavras de ordem expressas pelos manifestantes, havia frases como: "Ê, ê, ê, ê, Cabral vai pro inferno, Satanás não vai querer" e "Do papa, do papa eu abro mão. Quero meu dinheiro para saúde e educação".


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