Folha de S. Paulo


Protesto em Copacabana interrompe fim de festa dos peregrinos

A festa dos peregrinos da Jornada Mundial da Juventude terminou mais cedo na Praia de Copacabana devido ao protesto de um grupo de manifestantes que, após a saída do papa Francisco, chegou à área próxima ao palco.

Em razão do protesto, a apresentação de uma banda internacional católica foi bruscamente interrompida na noite desta sexta-feira (26).

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O comitê organizador da JMJ informou à Folha que toda o roteiro musical previsto foi concluído.

Entretanto, esta não foi a percepção dos peregrinos que estavam na plateia. Às 21h, os manifestantes seguiram pela areia da praia de Copacabana em direção ao palco, que naquele momento ainda reunia uma multidão de católicos.

Na medida em que o grupo foi abrindo caminho, boa parte dos peregrinos se assustou e saiu às pressas em direção à avenida Atlântica.

Apesar do protesto ser principalmente contra o governador Sérgio Cabral, houve coro até mesmo para os participantes da festa católica: "Você abençoado, também é explorado."

Quando os manifestantes estavam a poucos metros do palco, a banda saiu de cena sem se despedir do público e, logo depois, as luzes do cenário foram desligadas, assim como o sistema de som.

"Eles têm o direito de protestar, mas nós também temos os nossos direitos. A liberdade deles não pode afetar a minha liberdade, porque isso é uma forma de repressão. Invadiram o nosso espaço e, por isso, o show acabou interrompido", disse Rosane Alves, 35, que veio de Curitiba para ver o papa Francisco.

Habituado aos recentes protestos da cidade, o carioca Pablo de Lima, 25, manteve a calma quando a manifestação chegou à área do gargarejo no show católico. Nem todos tiveram a mesma reação.

"Uma menina da argentina perguntava, assustada, o que estava acontecendo. O pessoal do Paraguai saiu correndo pela areia para escapar do tumulto", disse Lima à Folha.

Ontem, durante a primeira participação do papa Francisco na JMJ, mesmo depois dos shows, o sistema de som permaneceu ligado e os locutores da festa seguiram fornecendo informações sobre os trajetos indicados para os peregrinos que saíam a caminho dos locais de hospedagem.

"Eu fiquei com medo. Não gostei de ver um grupo mascarado, de roupas pretas, vindo em nossa direção. Simplesmente chegaram e acabaram com o show", disse a estudante uruguaia Cecilia Mojica, 18, moradora de Montevideo.

Após a saída dos manifestantes (logo que o sistema de som foi desligado), os peregrinos que ainda permaneciam na areia fizeram uma roda e, de mãos dadas, rezaram.

O engenheiro venezuelano Juan Carlos Castello, 30, fez parte da corrente de peregrinos: "O show foi interrompido, mas isso não importa. O mais importante é deixar claro que isso não vai nos abalar. Respeitamos os direitos deles, mas também deveriam respeitar a nossa fé."


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