Folha de S. Paulo


Cerca de 1 mi de fiéis foram ver o papa em Copacabana, estima organização

Um público de cerca de 1 milhão de pessoas foi a Copacabana, no Rio de Janeiro, para acompanhar o papa Francisco na cerimônia da Acolhida, na tarde desta quinta-feira. A estimativa é da organização da Jornada Mundial da Juventude.

O pontífice fez dois pronunciamentos, ambos dedicados à fé dos jovens e ao evento da Jornada, com referências ao Rio e ao tema "bote fé", e em contraste às contundentes afirmações proferidas pela manhã na comunidade de Varginha.

O idioma escolhido para a cerimônia foi o espanhol, com apenas algumas sentenças em português, diferente dos outros eventos até agora no Brasil, todos na língua local.

Análise: Fala do papa vai na contramão de Dilma
Leia a íntegra do primeiro discurso
Leia a íntegra do segundo discurso

"Quando se prepara um bom prato e vê que falta sal, você então bota o sal; falta azeite, bota o azeite... Bote fé e a vida terá um sabor novo", afirmou o papa após uma sequência de rezas em diversos idiomas e da apresentação da cantora Fafá de Belém.

O pontífice usou o português para, de improviso, classificar de "guerreiros" os cariocas pela força de vontade para enfrentar as condições adversas do tempo durante a Jornada.

"Sempre ouvi dizer que os cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé de vocês é mais forte. Parabéns! Vocês são verdadeiros guerreiros".

O clima era de comoção, mas houve momentos tensos. Em apenas 30 minutos, a Folha viu mais de 20 pessoas sendo carregadas ao posto médico mais próximo do palco. Houve dificuldade também na dispersão.

Falando da fé espalhada por representantes de vários continentes, o pontífice exaltou o mar e a praia cariocas e lembrou da imagem de Cristo, símbolo da cidade. "O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, lhes acolhe na cidade maravilhosa [...] nos abraça e abençoa".

Gabriel Bouys/AFP
O papa Francisco no palco da cerimônia da Acolhida, em Copacabana
O papa Francisco no palco da cerimônia da Acolhida, em Copacabana

O dia foi marcado por uma extensa agenda do papa, iniciada logo cedo pela manhã, com a recepção pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e o governador do Estado, Sérgio Cabral (PMDB).

No Palácio da Cidade, o pontífice abençoou atletas, entre os quais Oscar Schmidt, e as bandeiras Olímpica e Paralímpica dos Jogos de 2016.

Nos deslocamentos com papamóvel não faltaram cumprimentos aos fiéis e beijos a crianças --foram ao menos 18. Na comunidade de Varginha, o papa chegou a visitar a casa de um morador.

Foi em Varginha, uma comunidade situada em um bolsão de pobreza e escolhido pelo próprio Francisco, que o líder religioso soltou as suas palavras mais fortes de sua visita ao Brasil.

Sob uma plateia distribuída em lajes de casas semi-prontas, o papa pediu aos jovens que não se desiludissem com casos de corrupção e que não perdessem a esperança. "[...]nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar".

Na ocasião, houve também uma referência às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), com uma avaliação de que a "pacificação" não será permanente em uma sociedade que abandona na periferia parte de si mesmo.


Endereço da página:

Links no texto: