Em um dos discursos mais contundente feitos no Brasil até agora, o papa Francisco pediu aos jovens para não se desiludirem com a corrupção e não perderem a esperança, "pois a realidade pode mudar".
O trecho, proferido na comunidade de Varginha, no Rio de Janeiro, na manhã desta quinta-feira, é uma referência aos protestos que se espalharam pelo país nas últimas semanas. Nos atos, a corrupção era alvo central dos manifestantes.
"Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. [...] nunca desanime, não percam a confiança", afirmou no discurso. "A realidade pode mudar, o homem pode mudar".
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A fala do pontífice lembra a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os protestos. Contra o que chamou de "negação da política", Lula afirmou que, numa democracia, não há solução fora do campo político.
"Quando estiverem putos da vida, que não confiarem em ninguém: eu não gosto do Lula, eu não gosto da Dilma [Rousseff], eu não gosto do Marinho [Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo]', ainda assim, não neguem a política", disse a jovens de uma universidade no ABC em junho.
O ex-presidente citou os casos de Silvio Berlusconi, na Itália, e o recente golpe militar no Egito como exemplos do que pode acontecer quando há negação da política.
Na comunidade de Varginha, pela manhã, o papa andou de papamóvel, cumprimentou os fiéis, visitou a casa de um morador e fez um discurso a presentes em um campo de futebol.
Em sua fala, o pontífice também fez uma referência às UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), projeto do governo do Rio para diminuir a violência.
"Nenhum esforço de 'pacificação' será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma"
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A escolha de Varginha, uma comunidade situada em um bolsão de pobreza, dentro de um território castigado por confrontos armados, atende a uma orientação do próprio papa Francisco, que determinou a inclusão de encontros com a parcela excluída da população em sua passagem pelo Rio.