Folha de S. Paulo


Evento em Guaratiba é transferido para praia de Copacabana

Em meio à forte chuva que atinge o Rio nos últimos dias, os eventos da Jornada Mundial da Juventude no Campos Fidei, em Guaratiba (zona oeste do Rio de Janeiro), foram transferidos para Copacabana (zona sul). O anúncio oficial foi feito nesta quinta-feira (25) em entrevista coletiva com a presença do prefeito Eduardo Paes e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O encontro internacional de católicos vai até domingo (28) na capital fluminense.

Construído em uma área de terra, que precisou passar por terraplanagem e diversas obras para receber os estimados 1,5 milhão de peregrinos, o Campus Fidei não aguentou as chuvas que atingem o Rio desde o início da semana.

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"Tomamos a decisão de cancelar por causa das chuvas intensas desde segunda-feira e como tem vigília, sob o ponto de vista de saúde, colocaria pessoas em risco", afirmou Paes na coletiva no Centro de Operações da Prefeitura. Técnicos da área de logística também aconselharam que o evento fosse cancelado no local. "Pedimos a compreensão dos moradores".

O prefeito disse também que não houve erro na escolha do local: o terreno foi selecionado pelo poder municipal. "Não tenho dificuldade em admitir erros. É regra da jornada ter dois locais".

Dom Paulo César Costa, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio, também lamentou a mudança. "É uma dor muito grande, principalmente para a população de Guaratiba, mas eles vão entender", disse.

A estimativa da organização do evento é que a JMJ custou cerca de R$ 300 milhões. O valor referente apenas a Guaratiba não foi informado.

Editoria de Arte/Folhapress

Além da montagem do palco, foi feita terraplanagem no terreno. A Prefeitura do Rio vem trabalhando no planejamento da Jornada Mundial da Juventude há aproximadamente um ano. A prefeitura prevê a aplicação de cerca R$ 26 milhões no evento como um todo por meio de serviços, logística e planejamento, que incluem desde a urbanização das vias de acesso ao Campus Fidei, limpeza e dragagem do rio Piraquê (na região), construção de passarelas para os peregrinos, entre outras ações.

"Não teve dinheiro público. Dragagem a gente faz sempre."

Os dois principais eventos da Jornada Mundial da Juventude aconteceriam no campo de Guaratiba: a vigília, sábado (27), com a presença do papa Francisco, e a missa de encerramento do evento católico no domingo (28), também com a presença do pontífice. Francisco participa nesta quinta (25) e sexta (26) de dois eventos em Copacabana.

O prefeito afirmou ainda que a decisão da mudança foi anunciada com dois dias de antecedência porque o "desafio da mobilidade é grande". Na vigília, os peregrinos poderão dormir na praia de Copacabana. Os banheiros químicos que foram levados para Guaratiba, serão transferidos para o novo local. A estrutura de saúde também está sendo removida.

O papa Francisco, diz Paes, já foi informada da transferência e teria concordado. Em Copacabana, um grupo de peregrinos começa a gritar: "A vigília é em Copa".
Paes disse ainda que amanhã, às 11h, será anunciado como será a contingência de Copacabana. "O plano B sempre foi Copacabana. É tradição da JMJ terem dois locais", afirmou.

A escolha de Guaratiba, que é uma região mais afastada do centro da cidade, ocorreu porque é costume da JMJ uma caminhada e uma vigília noturna na véspera da missa de encerramento. "O peregrino caminha, e tivemos que atender a esse pedido para eles caminharem".

"Queríamos distribuir o evento por toda a cidade".

Um treinamento para a segurança do papa, que começaria às 15h, foi suspenso. Os participantes foram informados por rádio para cancelarem o treinamento, já que o evento não será mais realizado lá.

REUNIÃO

Segundo o departamento de comunicação no Campus Fidei, a organização da Jornada se reuniu no início da tarde de hoje com os bombeiros, Exército e Ministério da Saúde para decidir sobre o evento. Moradores da região ouvidos pela reportagem dizem que choveu ininterruptamente nos últimos dois dias.

A organização diz que a chuva no local ocorreu por 24 horas seguidas: começou ontem de manhã e só parou no início da manhã de hoje.

A Folha percorreu três entradas do evento. Havia um esforço para cobrir de brita os principais acessos. A entrada dois, que fica atrás do palco e é usada pelos veículos de serviço, está toda coberta de brita, formando uma espécie de asfalto. Na semana passada, o local era apenas lama e barro.

Na entrada dos peregrinos a situação é mais complicada. Grandes poças de lama estão formadas. Na entrada mais próxima da avenida das Américas, onde seria feito o acesso das autoridades, há também bastante lama.

A Jornada informou que, apesar do esforço, não seria possível cobrir os 1,36 milhão de metros quadrados do Campus Fidei. Em alguns pontos é possível observar que uma manta feita de lona e uma trama de aço foi posta sobre o barro.

CAMPUS FIDEI

A vigília de orações dos jovens e a missa de encerramento celebrada pelo papa Francisco fazem parte da tradição da Jornada Mundial da Juventude.

Os dois eventos costumam ocorrer em área aberta, com grandes dimensões, batizada de Campus Fidei, que significa Campo da Fé. No caso do Rio, o Campus Fidei foi adaptado em um fazenda do bairro de Guaratiba, na zona oeste da cidade.

Construído em uma área de terra, que precisou passar por terraplanagem e diversas obras para receber os estimados 1,5 milhão de peregrinos, não aguentou as chuvas que atingem o Rio desde o início da semana, segundo funcionários que trabalham no local.

Por causa do terreno instável, foi necessária a construção de uma base de concreto para sustentar o imenso palco (3.800 m²) onde as atividades acontecem. "O problema é o lugar onde as pessoas vai ficar, não tem como, está tudo enlameado. É uma pena, o pessoal está meio chateado. Mas foram três dias de chuva ininterrupta, nunca vi isso", disse o trabalhador.


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