Folha de S. Paulo


PM adere a 'guerra virtual', critica OAB e divulga fotos de suspeitos

A Polícia Militar do Rio de Janeiro aderiu à "guerra virtual" contra informações divulgadas por manifestantes.

Em sua página oficial no Twitter, gerenciada pelo próprio comandante-geral, coronel Erir da Costa Filho, a corporação criticou a OAB do Rio e supostos vândalos detidos na manifestação feita após a recepção ao papa Francisco, perto do Palácio Guanabara.

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A PM vem monitorando coletivos de mídia alternativa que transmitem os protestos ao vivo via internet. Entre eles está o "Mídia Ninja", do qual fazem parte dois detidos anteontem sob suspeita de incitar a violência. Eles foram liberados no mesmo dia.

Durante o protesto de anteontem, a PM criticou a atuação da OAB fluminense, que oferece assistência jurídica aos presos nas manifestações.
"Membros da OAB do Rio prejudicando o trabalho da Polícia Militar", escreveu a PM por volta das 21h30.

Questionada sobre a qual episódio se referia, a corporação não explicou o caso. A OAB criticou a declaração.

Danilo Verpa/Folhapress
Manifestantes protestam nas proximidades da sede do governo do Estado do Rio de Janeiro durante a Jornada Mundial da Juventude
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A ação visa fazer um contraponto às informações divulgadas por manifestantes na internet. Vídeos publicados ontem sugeriam que o manifestante que lançou uma bomba caseira contra policiais era um agente infiltrado.

As imagens editadas indicam que o homem que lança o artefato é o mesmo que atravessa sem dificuldade a barreira policial. Esse agente foi visto pela Folha trocando de lado. Abordado por policiais que não sabiam se tratar de um colega, foi identificado por outro grupo, que avisou que se tratava de um infiltrado.

A PM negou que seus agentes tenham atacado membros da própria corporação. A PM divulgou ainda foto de detidos ontem, o que foi criticado pela OAB. "Isso é no mínimo antiético. Essas pessoas não foram indiciadas", disse o advogado Raul Lins e Silva.

O único a permanecer preso teve habeas corpus concedido pela Justiça. Cinco foram autuados por suspeita de incitação da violência e desacato e liberados. Um foi preso em flagrante por formação de quadrilha, mas foi solto após pagar fiança. (IN e lC)


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