Folha de S. Paulo


PT afirma que Vaccarezza não expressa o pensamento do partido

O diretório nacional do PT endossou neste sábado as críticas ao deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) feitas pela bancada da sigla na Câmara. Rachado, o diretório chegou a ensaiar a aprovação de moção contra a permanência de Vaccarezza na coordenação do grupo que vai discutir a reforma política na Câmara, mas por 43 votos a 27 optou por manter a posição do líder José Guimarães (PT-CE).

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Em nota, Guimarães disse que o deputado petista não expressa o pensamento da bancada, nem do partido, mas sim o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) --indicado como membro do PT para o grupo.

Vaccarezza foi escalado pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para coordenar o grupo de trabalho. A nomeação do petista irritou a presidente Dilma Rousseff e a cúpula do PT depois que ele se manifestou publicamente contra o plebiscito proposto pelo governo. Quarenta deputados petistas divulgaram um manifesto contra a permanência do petista na coordenação e defenderam o nome do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que comandou o projeto de reforma na Câmara.

Na reunião deste sábado, o diretório do PT insistiu que há tempo para o Congresso aprovar o plebiscito a tempo das mudanças estarem em vigor as eleições de 2014, apesar de o PMDB, outros aliados e o próprio Vaccarezza terem descartado a sua aprovação.

"Para nós, as mudanças deveriam ocorrer já em 2014. Pelo menos o que diz respeito ao fim do financiamento privado das campanhas, que favorece o poder econômico e induz à corrupção, assim como as listas partidárias", disse o presidente do PT, Rui Falcão.

Além do Congresso, Falcão disse que uma Ação Direta de Inconstitucionalidade tramita no Supremo Tribunal Federal proibindo o financiamento privado de campanhas --que poderia ser aprovada a tempo de valer para a disputa do ano que vem. "O plebiscito é a reforma mais contundente. Temos tempo de fazê-lo", disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Vaccarezza não quis comentar a decisão do diretório, mas disse à Folha que vai ajudar a viabilizar a aprovação do plebiscito na Câmara. "Isso para mim é página virada. Quero é viabilizar a reforma política e vou ajudar a coletar assinaturas para a aprovação do plebiscito", disse.

O petista afirmou que sua posição não é um "recuo" porque, desde a semana passada, vem afirmando sua defesa do plebiscito. "Eu já tinha falado isso para o presidente Rui Falcão e para o Guimarães."

DEFESA

A defesa ao petista veio do PMDB. No twitter, o líder Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que se Fontana for coordenador da comissão, o PMDB e outras siglas não participariam do grupo.

Para Cunha, Henrique Alves indicou Vaccarezza para viabilizar a aprovação da reforma, o que não ocorreria se Fontana estivesse à frente da comissão. O líder do PMDB disse que o presidente da Câmara não quis interferir na "representação do PT", que tem o direito de escolher "quem quiser" para a comissão da reforma política.

"O presidente Henrique quis constituir um grupo, onde todos participariam, inclusive Fontana, mas coordenado por alguém mais isento do processo. Todos sabem na casa que a postura do Fontana, apesar de ser legítima, inviabilizou qualquer votação. Para constituir um grupo e pôr o Fontana, era só pôr a comissão da qual ele é relator para funcionar, o que ele não consegue", atacou Cunha.

Na reunião petista, uma das poucas vozes de apoio a Vaccarezza foi o ex-presidente do PT José Eduardo Dutra. Ele disse que não há tempo para o Congresso aprovar o plebiscito, por isso seria mais "fácil" para os deputados aprovar pontos como o fim do financiamento privado e eleições em dois turnos para os deputados federais.


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