Apesar do receio dos responsáveis por sua segurança, o papa Francisco vai desfilar pelas ruas do centro Rio no final da tarde, logo após desembarcar no Base Aérea do Galeão, na zona norte da cidade.
A mudança na agenda do papa Francisco foi anunciada nesta sexta (19) após reunião entre os organizadores da Jornada Mundial da Juventude e de representantes da Prefeitura do Rio.
A preocupação da segurança é causada pelas recentes --e violentas-- manifestações que vem acontecendo na cidade. Na mais recente delas, 25 estabelecimentos comerciais foram depredados na zona sul da cidade.
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Autoridades brasileiras preferiam evitar a exposição do papa. O general José Abreu, coordenador da segurança pelas Forças Armadas, chegou a dizer na quinta-feira que temia por algum "ato de hostilidade". E defendeu que o papa usasse um automóvel blindado. "A blindagem nos deixa mais tranquilos", disse.
Após desembarcar no aeroporto do Galeão, às 16h, o papa Francisco seguirá, em um carro fechado, até a Catedral Metropolitana, na avenida República do Chile, no centro.
O trajeto que fará ainda não foi divulgado, mas há duas opções, ambas passando por vias que cortam grandes áreas de favelas da cidade. A primeira é a Linha Vermelha, que atravessa o Complexo da Maré, onde, na madrugada de 25 de junho, 10 pessoas morreram em confronto entre traficantes e policiais militares.
A segunda opção é passar pela avenida Brasil, que margeia os complexos da Maré e de Manguinhos, onde fica a favela da Varginha, que será visitada pelo papa na quinta (25).
Da Catedral Metropolitana, Francisco vai entrar no papamóvel e passar por outras quatro ruas do centro. O trajeto se assemelha ao que vem sendo feito por manifestantes nos atos públicos pelo centro da cidade.
Na avenida Rio Branco, diante do Theatro Municipal e em frente à Cinelândia, o líder católico desembarca do papamóvel e volta ao carro fechado, no qual segue em direção ao 3º Comando Aéreo, situado ao lado do aeroporto Santos Dumont.
No local, o papa vai embarcar em um helicóptero para chegar ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, onde haverá uma recepção para 650 convidados, entre eles a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer e ao menos oito governadores de Estado, além do governador do Rio, Sérgio Cabral.
A inclusão deste desfile do papa em seu primeiro dia no Brasil foi decidida nas últimas horas, após uma negociação do comitê organizador com autoridades de segurança envolvidas no evento.
"Dar visibilidade ao papa é uma prioridade", justificou à Folha um integrante do comitê organizador da Jornada, ao defender o passeio pelo centro do Rio.
De acordo com o representante da igreja, já havia a intenção de estabelecer um contato do papa com a população brasileira no momento de sua chegada. Entretanto, o desfile em um papamóvel na segunda-feira não constava da agenda oficial divulgada pelo Vaticano.