Folha de S. Paulo


Dilma é recebida com protestos de índios e médicos em Fortaleza

A presidente Dilma Rousseff foi alvo de protestos em Fortaleza antes, durante e depois da cerimônia de inauguração de uma estação de metrô na manhã desta quinta-feira, no centro da cidade.

No início, houve protestos de índios e médicos. Um grupo de cerca de cem índios do Ceará se reunia do lado de fora da estação pedindo a demarcação de cinco terras indígenas do Estado e criticando a política do governo federal em relação ao setor. "Os ruralistas mandam e o Estado obedece", diz uma faixa carregada pelo grupo.

Em outro lugar próximo, em uma praça a cerca de 1 km da estação de metrô, cerca de 200 médicos e estudantes de medicina se reuniam em protesto às 10h. Eles criticam as medidas do governo federal para contratação de médicos estrangeiros e obrigatoriedade de os estudantes de medicina trabalharem dois anos no SUS.

Os críticos não conseguiram ver a presidente, porque ela embarcou em uma outra estação e foi, de metrô, até o local onde ocorreu a cerimônia.

Durante o evento, porém, o protesto do lado de fora ganhou corpo e teve até um princípio de tumulto, com manifestantes tentando romper as cercas de metal que isolavam a entrada. Policiais militares impediram a entrada deles, mas não houve violência.

A presidente, ao discursar, não citou os manifestantes do lado de fora, mas comentou a onda de protestos. Dilma disse que eles ocorreram por causa de "uma característica humana" de "cada vez querer mais".

"Democracia exige sempre mais democracia. Direitos sociais conquistados vão ensejar mais direitos a serem conquistados. Tudo que fomos capazes de conquistar vai abrir o caminho para a gente querer sempre mais", afirmou Dilma.

O ministro Fernando Bezerra (PSB), da Integração Nacional, também defendeu a presidente dos protestos. "Teve muito barulho nas ruas, mas a poeira vai baixar, e quando ela baixar, o trabalho do seu governo vai aparecer", disse ele.

Na saída, Dilma foi novamente por dentro da estação de metrô até outra estação, driblando cerca de 300 manifestantes que estavam do lado de fora. Além dos índios, havia protestos contra o desmatamento de um parque de Fortaleza hoje em obras pela prefeitura e alvo de futura intervenção do Estado, e até protesto de policiais militares contra a demissão de participantes do movimento grevista do fim de 2011.

Tanto a chegada quanto a saída da presidente pelo metrô já estavam previstas antes das manifestações, segundo a assessoria do governo do Estado do Ceará.


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