Folha de S. Paulo


Joaquim Barbosa suspende criação de novos tribunais federais

Um dos principais críticos da ampliação da estrutura da Justiça Federal, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, suspendeu na noite desta quarta-feira (17) a criação de mais quatro tribunais regionais no país.

O ministro atendeu a pedido da Associação Nacional dos Procuradores Federais, que havia ingressado mais cedo no Supremo com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade questionando a medida.

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A liminar concedida por Barbosa valerá até o julgamento da ação pelo plenário, ainda sem data definida.

O projeto de criação dos TRFs (Tribunais Regionais Federais), órgãos de segunda instância da Justiça Federal, foi aprovado pelo Congresso. A medida prevê a instalação das novas cortes em Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Manaus, elevando de cinco para nove os TRFs do país.

O argumento da associação de procuradores é o de que a apresentação de projetos para a criação de tribunais é atribuição exclusiva do Judiciário e não do Congresso, como ocorreu neste caso.

A associação afirma ainda que a categoria, que atuaria em quase 50% dos processos em tramitação na Justiça Federal, terá suas condições de trabalho afetadas.

Editoria de Arte/Folhapress

DISPUTA

O presidente do STF sempre se manifestou contra a medida que, segundo ele, além de não resolver o problema da morosidade da Justiça, foi gestada na "surdina".

Barbosa chegou a procurar a cúpula do Congresso para tentar barrar a proposta, mas não obteve sucesso. Ele diz que haverá um gasto extra de R$ 8 bilhões com a criação das cortes.

Integrantes das entidades classistas rebatem os argumentos do ministro, afirmando que o custo deve ficar em torno de R$ 1 bilhão.

As associações dos juízes dizem que o projeto é importante para desafogar a Justiça Federal.

A insatisfação de Barbosa com a medida foi explicitada em um tenso encontro com representantes das três principais associações de magistrados do país, em abril.

Na ocasião, o ministro disse aos magistrados que a proposta foi aprovada de forma "sorrateira" e apostou que as novas sedes seriam construídas em "resorts". (CATIA SEABRA)


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