Folha de S. Paulo


Governo brasileiro convida presidente eleito do Paraguai e não o atual para missa do papa

O governo brasileiro decidiu convidar o presidente eleito do Paraguai, Horacio Cartes, e não o atual presidente do Paraguai, Federico Franco, para a missa final do papa Francisco no Rio de Janeiro, no próximo dia 28.

No meio diplomático, fazer um convite a um presidente eleito, ignorando o atual mandatário do país é tido, no mínimo, como uma descortesia. O Brasil cortou suas relações de alto nível com o Paraguai logo após o impeachment-relâmpago de Fernando Lugo, em junho de 2012.

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Durante pouco mais de um ano do governo Franco, o país ficou sem embaixador em Assunção. O governo pretende pedir o agrément (autorização) do próximo embaixador brasileiro apenas ao presidente Cartes, que toma posse em 15 de agosto. A assessoria de Cartes não confirmou se o presidente eleito virá.

O governo Franco disse não ter sido informado oficialmente sobre qualquer convite a Cartes. "Mas o presidente Cartes ainda não é o presidente oficial do Paraguai", ressaltou o ministro Gustavo Kohn, da Secretaria de Informação e Comunicação da Presidência, à Folha.

Se manter o discurso adotado logo após a sua eleição, Cartes pode decidir não vir para evitar um problema com os liberais --partido de Franco. Assim que foi eleito, o colorado rejeitou o convite do Uruguai para participar da cúpula do Mercosul em Montevidéu, ocorrida na última semana, sob o argumento de não ser ainda o chefe de Estado do Paraguai.

Norberto Duarte-13.jul.13/AFP
O atual presidente do Paraguai, Federico Franco (à esq.), e o presidente eleito, Horacio Cartes
O atual presidente do Paraguai, Federico Franco (à esq.), e o presidente eleito, Horacio Cartes

Cartes também teve uma postura reativa aos países do Mercosul na última semana, que decidiram transmitir à Venezuela a liderança do bloco --mesmo sob os protestos de Assunção. O governo eleito sugeriu que o Paraguai só retornará ao Mercosul depois que Caracas deixar a liderança rotativa.

Segundo o Planalto, a presidente Dilma Rousseff convidou, via Itamaraty, os demais chefes de Estado da Unasul para a missa campal do domingo, 28, em Guaratiba, zona leste do Rio.

A presidente Cristina Kirchner, foi a primeira a confirmar oficialmente sua presença durante a visita do papa Francisco --que é argentino.

Havia dúvidas sobre a presença de Cristina no Brasil por causa das eleições marcadas para outubro. A ideia era evitar um contato mais direto com o papa, que foi cardeal de Buenos Aires, e impedir qualquer especulação sobre o envolvimento do chefe da Igreja Católica no cenário político argentino.


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