Folha de S. Paulo


'Pessoas querem mais do que um discurso', diz Marina sobre artigo de Lula no 'NYT'

Ao comentar a iniciativa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de escrever um artigo em resposta às manifestações de junho, a ex-senadora Marina Silva afirmou nesta quarta-feira (17) que "as pessoas querem muito mais do que um discurso".

"O que está sendo dito [com as manifestações] é que as pessoas querem muito mais do que um discurso, do que uma assinatura. Elas querem mesmo ação, compromisso", afirmou.

Ela criticou a "minirreforma" política em estudo no Congresso, que disse ir "na contramão de tudo isso aí".

"Não se vai dialogar com as ruas aceitando ficha suja em campanha, facilitando a vida dos partidos em relação à permissividade com o fundo partidário, criando mais monopólio dos partidos."

Ela afirmou ainda que o fato de a presidente Dilma Rousseff ter enviado sugestão de plebiscito para o Congresso sem contemplar a possibilidade de candidaturas de não filiados a partidos "demonstra a incapacidade de querer que esse novo sujeito político crie seu canal de expressão".

Sobre seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial em decorrência das manifestações, Marina disse que "é hora de metabolizar, de agir com muita responsabilidade".

"É hora de pensar uma agenda estratégica para o país. Por isso, que eu digo que se não tivéssemos o fantasma da reeleição, esse teria sido o momento de entrar para a história, chamando todos para essa agenda de compromissos."

LULA NO 'NYT'

Ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu em sua coluna mensal no jornal "The New York Times" que o PT precisa de renovação e, também, retomar a comunicação com os movimentos sociais após a onda de protestos que ocorreu em junho em todo o país.

"É preciso recuperar as ligações diárias com os movimentos sociais e oferecer novas soluções para os novos problemas", disse Lula.

O ex-presidente também disse que discorda dos analistas que atribuem a recente onda de protestos no Brasil a uma rejeição à política. "Eu acho que é precisamente o oposto: eles [manifestantes] refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participar mais plenamente", escreveu o ex-presidente em sua coluna mensal à agência de notícias do jornal "The New York Times".


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