Folha de S. Paulo


Organização da JMJ aprova alojamento de fiéis e voluntários em favelas

Ao chegar na igreja de Nossa Senhora de Guadalupe, oficialmente situada no bairro de Inhaúma, Vanessa Soares, 34, soube que estava em uma das favelas do complexo do Alemão, na zona norte do Rio.

"Confesso que senti um frio no estômago, mas passou. Todos foram muito acolhedores por aqui", disse Vanessa, moradora de São José dos Campos, município do interior de São Paulo. Desde anteontem, ela está hospedada na favela junto com outros 40 jovens, todos voluntários da Jornada Mundial da Juventude.

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O comitê organizador do encontro internacional de católicos aprovou a hospedagem de colaboradores e peregrinos em favelas cariocas.

São esperados mais de 700 turistas. Na favela do Jacarezinho (zona norte), a reserva é para 350 pessoas.

Daniel Marenco/Folhapress
Paróquia de Nova Brasília, no Complexo do Alemão, que abrigará alguns peregrinos para a Jornada Mundial da Juventude
Paróquia de Nova Brasília, no Complexo do Alemão, que abrigará alguns peregrinos para a Jornada Mundial da Juventude

"Vamos acolher peregrinos vindos de países de língua portuguesa", disse o padre Dário Ferreira da Silva, pároco da igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, no Jacarezinho.

A hospedagem em favelas permanecia indefinida. O comitê organizador da JMJ esperou uma avaliação das autoridades antes de sinalizar as confirmações.

De acordo com a secretaria de Segurança do Estado do Rio, um mapeamento das áreas de risco da cidade foi elaborado, baseado em indicadores de violência, e encaminhado aos coordenadores da Jornada.

Entretanto, nem todas as recomendações do governo acabaram adotadas.

"Em face da demanda de hospedagem, os organizadores lançaram mão de alguns locais que, sob a ótica da nossa análise, seriam a última escolha", afirmou Roberto Alzir, subsecretário de grandes eventos da secretaria de Segurança. "Se eventualmente uma área de risco acabou escolhida, vamos reforçar a segurança nesses locais".

Ele não informou, no entanto, se as favelas do complexo do Alemão e de Jacarezinho foram classificadas como áreas de risco no relatório encaminhado à JMJ. Ontem, a sede da ONG AfroReggae, no Alemão, foi alvo de um incêndio investigado como um ato criminoso.

Procurada pela Folha, a assessoria de comunicação da JMJ negou haver restrições a hospedagens em favelas: "As informações (sobre segurança) foram e são repassadas pelo Centro de Gestão de Risco da JMJ e, consequentemente, pelos órgãos responsáveis pela segurança. Porém, não houve reprovação de nenhum espaço."


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