Folha de S. Paulo


Deputados resistem a deixar governo de São Paulo

Aliados reagiram com desconforto nesta quarta (10) à possibilidade de o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), antecipar a saída de secretários que desejem disputar as eleições de 2014 de sua administração. Hoje, das 25 pastas, oito são comandadas por deputados.

O cronograma inicial do governador previa o retorno dos secretários com mandato de deputado ao Legislativo em dezembro, mas as manifestações nas ruas e o consequente esforço para enxugar a máquina pública levaram a cúpula do PSDB a defender que mudanças sejam implementadas antes disso.

Nomes como o ex-governador José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defenderam a ideia a Alckmin. O governador, então, pediu um estudo sobre o assunto, como já havia mostrado reportagem da Folha.

Questionado sobre o assunto, Alckmin confirmou nesta quarta que avalia a extinção de pastas, mas silenciou sobre a saída dos secretários.

"Fizemos um [ajuste] há 20 dias. Agora estamos fazendo um estudo para novos trabalhos. [A extinção de secretaria] pode ser um dos itens", afirmou."Não é mudança de secretaria. É toda a estrutura do Estado, o que a gente pode ganhar em eficiência, para investir mais na área social e infraestrutura", concluiu.

Com a notícia de que a saída do governo poderia ser precipitada, alguns secretários com mandato questionaram o Bandeirantes sobre o assunto. Ontem, à reportagem, dois desses secretários disseram que interlocutores de Alckmin negaram qualquer plano que envolvesse a a antecipação da saída de deputados do governo.

Jorge Araújo/Folhapress
O governador Geraldo Alckmin e autoridades civis e militares durante desfiles de 9 de Julho em São Paulo
O governador Geraldo Alckmin e autoridades civis e militares durante desfiles de 9 de Julho em São Paulo

Mas o estudo que prevê a extinção de secretarias e tem como ponto de partida a troca de parlamentares licenciados que hoje chefiam pastas do Bandeirantes é defendido abertamente por dirigentes do PSDB, ainda que afete nomes como o dos secretários José Aníbal (Energia) e Bruno Covas (Meio Ambiente).

O presidente do PSDB paulista, deputado Duarte Nogueira, disse defender a ideia por ela representar "a otimização da gestão" Alckmin e evitar a paralisação de projetos no ano eleitoral.
A legislação prevê que, para concorrer a um novo mandato de deputado, os secretários precisam obrigatoriamente deixar o governo até abril de 2014.

"Meu sentimento e o de colegas da bancada federal é de apoiar a agilidade da máquina pública. A partir do instante em que se percebe que isso é importante para São Paulo, não há como ir contra", disse Nogueira.

Segundo ele, a reação contrária à medida era esperada. "É natural das estruturas serem conservadores. Para mudar, é preciso enfrentar desafios com a coragem de estadista. É preciso aproveitar esse momento de conscientização das pessoas", concluiu.


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